Durante o Julho Amarelo, mês de conscientização sobre as hepatites virais, o Ministério da Saúde divulgou novos dados que revelam avanços importantes no combate à doença em Rondônia. Segundo o Boletim Epidemiológico de Hepatites Virais 2024, o estado reduziu em 64,3% as mortes por hepatite C entre 2014 e 2024, passando de 14 para cinco óbitos. Já os casos fatais por hepatite B caíram 50%, de 16 para oito no mesmo período.
Apesar dos avanços, o Ministério da Saúde reforça a importância de ampliar a testagem e o acesso ao tratamento, sobretudo nos casos de hepatite B, que ainda não tem cura, mas pode ser controlada.
“Temos vacinas, testes rápidos e tratamentos gratuitos pelo SUS. O diagnóstico precoce é fundamental para quebrar a cadeia de transmissão”, destacou o ministro da Saúde, Alexandre Padilha.
Brasil se aproxima da meta da OMS
O Brasil também apresentou queda expressiva na mortalidade. Entre 2014 e 2024, houve redução de 50% nos óbitos por hepatite B e de 60% por hepatite C, com coeficientes de mortalidade de 0,1 e 0,4 por 100 mil habitantes, respectivamente. Os dados aproximam o país da meta da Organização Mundial da Saúde (OMS), que prevê redução de 65% nas mortes até 2030.
Em crianças menores de 10 anos, a hepatite A teve queda de 99,9% nos registros. Já a transmissão vertical da hepatite B — de mãe para filho — apresentou redução de 55% em gestantes e 38% em crianças menores de cinco anos.
Nova plataforma permite monitorar adesão ao tratamento
O Ministério da Saúde lançou uma plataforma inédita de monitoramento que acompanha, por estado e município, quantas pessoas foram diagnosticadas com hepatites B e C, quantas iniciaram o tratamento e qual o tempo médio de acompanhamento.
O modelo é inspirado no sistema utilizado no combate ao HIV e visa dobrar o número de pessoas em tratamento para hepatite B, visando alcançar 80% de cobertura conforme a meta da OMS.
Em Rondônia:
- 4.433 pessoas foram indicadas para tratamento da hepatite B, mas apenas 565 iniciaram.
- Para hepatite C, 86 pessoas receberam indicação, e 62 já começaram o tratamento.
Campanha nacional reforça testagem e prevenção
Com o slogan “Um teste pode mudar tudo”, a nova campanha do Ministério da Saúde busca alertar a população sobre a importância do diagnóstico precoce. A testagem está disponível gratuitamente pelo SUS nas Unidades Básicas de Saúde (UBS) e pode ser feita com testes rápidos ou laboratoriais.
Segundo a secretária de Vigilância em Saúde e Ambiente, Mariângela Simão, o país caminha para a eliminação das hepatites como problema de saúde pública.
“A vacina contra a hepatite B é segura, eficaz, gratuita e certificada pela Anvisa”, reforçou.
Tratamento e vacinação disponíveis no SUS
Tratamento:
Hepatite B: alfapeginterferona, tenofovir desoproxila (TDF), entecavir e tenofovir alafenamida (TAF)
Hepatite C: antivirais de ação direta (DAA), com taxa de cura acima de 95%
Vacinas:
- Hepatite A: dose única aos 15 meses; duas doses para pessoas com condições clínicas especiais
- Hepatite B: quatro doses para crianças (ao nascer, 2, 4 e 6 meses); três doses para adultos não vacinados
- Além disso, o SUS distribui gratuitamente preservativos e orienta sobre medidas complementares de prevenção, como a não reutilização de objetos perfurocortantes.
- Vacinação contra hepatite A será ampliada em 2025
- A vacina contra hepatite A, incorporada ao SUS em 2014, já mostra resultados expressivos: entre 2013 e 2021, os casos caíram 93% no geral. Entre crianças, a queda foi ainda maior:
- 97,3% entre menores de 5 anos
- 99,1% entre 5 e 9 anos
- O plano para 2025 prevê ampliar ainda mais a cobertura vacinal nessa faixa etária.
Municípios receberão selo por desempenho no combate às hepatites
Foi lançado o Guia de Eliminação das Hepatites Virais, com orientações para estados e municípios. O documento prevê a entrega de selos de reconhecimento (Ouro, Prata e Bronze) para as cidades que se destacarem nas ações de prevenção, diagnóstico e tratamento. Até agora, 18 municípios já foram certificados.