A síndrome de burnout, uma condição de exaustão física e emocional profunda ligada ao estresse crônico no ambiente de trabalho, afeta 32% dos trabalhadores brasileiros. Caracterizada por um esgotamento tão intenso que até atividades básicas como sair da cama se tornam um desafio, a síndrome não deve ser confundida com depressão, pois está diretamente vinculada ao contexto profissional.
O Que é Burnout?
Desde 2022, o burnout é classificado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como “doença ocupacional”, embora tecnicamente seja uma síndrome – um conjunto de sinais e sintomas que ocorrem simultaneamente, geralmente sem uma causa única definida.
Para ser diagnosticado, o profissional deve apresentar três características principais:
Exaustão: cansaço físico e emocional que persiste mesmo após o descanso.
Ceticismo: apatia, insensibilidade e distanciamento em relação às atividades de trabalho.
Ineficácia: queda na produtividade, aumento de erros e sensação de incapacidade.
Fatores de Risco e Consequências
Profissionais insatisfeitos, desmotivados e que ignoram seus próprios limites estão mais suscetíveis ao burnout. Gatilhos comuns incluem jornadas de trabalho excessivas, insegurança no emprego, falta de apoio, metas inatingíveis e conflitos entre a vida pessoal e profissional.
As consequências do burnout são graves e variam, mas podem levar a ansiedade, depressão, aumento do risco de doenças cardiovasculares, diabetes tipo 2, insônia, dores de cabeça e, em casos extremos, aumento da mortalidade.
Tratamento e Prevenção
O tratamento geralmente envolve psicoterapia, podendo incluir antidepressivos em casos mais severos e a adoção de mudanças no estilo de vida. A psicóloga Ana Maria Rossi, da ISMA-BR, enfatiza que o afastamento do trabalho nem sempre é a melhor solução, pois pode gerar sentimentos de inutilidade em pessoas sem apoio social.
A prevenção foca no autocuidado e no estabelecimento de limites, com práticas como:
Técnicas de respiração.
Dedicação a momentos de lazer.
Busca por apoio emocional e social.
Cuidado com a alimentação e evitar o consumo de álcool e cigarro.
Responsabilidade das Empresas
Com a classificação da OMS, o Brasil implementou novas diretrizes. A Norma Regulamentadora nº 1 (NR-1) exige que as empresas desenvolvam políticas para prevenir o burnout, combatendo jornadas abusivas e assédio moral. A fiscalização, inicialmente prevista para maio de 2025, foi adiada para maio de 2026. Mesmo assim, a especialista aponta que os gestores já estão cientes de que podem ser responsabilizados juridicamente, o que os impulsiona a promover ambientes de trabalho mais saudáveis e sustentáveis.