A obesidade atinge mais de 2,5 bilhões de adultos no mundo, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), e representa um dos principais desafios de saúde pública da atualidade. Mais do que uma questão estética, o excesso de peso está fortemente associado ao risco aumentado de doenças como diabetes tipo 2, problemas cardiovasculares, acidente vascular cerebral e disfunções renais.
Apesar da crença comum, a obesidade não se resume a hábitos alimentares ruins ou à falta de atividade física. Fatores emocionais, como estresse crônico, ansiedade, depressão e problemas familiares ou financeiros, também influenciam significativamente o comportamento alimentar. Além disso, a rotina moderna — com longos períodos de sedentarismo e alta oferta de alimentos ultraprocessados — agrava o problema.
Abordagem multidisciplinar é a mais indicada
Devido à complexidade da obesidade, o tratamento mais eficaz envolve uma abordagem multifatorial. Equipes formadas por médicos, psicólogos e nutricionistas oferecem suporte não apenas para a perda de peso, mas também para o controle emocional e para mudanças sustentáveis no estilo de vida.
Para pessoas com pré-diabetes, por exemplo, essa abordagem integrada reduz o risco de progressão para o diabetes tipo 2. Estudos mostram que, além da perda de peso — idealmente entre 5% e 7% do peso corporal —, o controle do açúcar no sangue contribui diretamente para a redução de complicações metabólicas, como lesões renais e microvasculares.
Redução da gordura visceral é fundamental
O sucesso de programas de perda de peso também está ligado à redução da gordura visceral, localizada ao redor dos órgãos abdominais. Essa gordura é altamente inflamatória e prejudica a ação da insulina, aumentando o risco de diabetes e outras doenças crônicas.
Mudanças como a prática regular de exercícios aeróbicos e a adoção de dietas ricas em gorduras saudáveis — como a dieta mediterrânea, que privilegia vegetais, grãos integrais, azeite de oliva e proteínas magras — são especialmente eficazes nesse processo.
Desafios na manutenção do peso
Manter o peso perdido a longo prazo é um dos principais desafios. Muitas pessoas voltam a ganhar peso após alguns anos, reacendendo os riscos à saúde. Por isso, estratégias sustentáveis e acompanhamento contínuo são essenciais.
Medicamentos e cirurgia: quando são indicados?
Nos últimos anos, medicamentos como os agonistas do receptor GLP-1 — inicialmente desenvolvidos para o tratamento do diabetes — têm mostrado bons resultados na perda de peso. Eles atuam promovendo saciedade e melhorando a regulação do açúcar no sangue. No entanto, os efeitos tendem a desaparecer após a suspensão do uso, e efeitos colaterais como náusea e problemas digestivos são comuns. O uso deve ser feito com acompanhamento médico, principalmente em casos de obesidade diagnosticada.
Já a cirurgia bariátrica é indicada para pessoas com obesidade grave e problemas de saúde associados. Procedimentos como o bypass gástrico e a gastrectomia vertical reduzem o estômago e podem alterar a liberação de hormônios intestinais, resultando em perda de peso significativa e duradoura.
Pesquisas recentes também testam medicamentos que combinam diferentes hormônios para potencializar a perda de peso, com resultados promissores que podem, futuramente, se equiparar aos da cirurgia.
Conclusão: abordagem individualizada é essencial
Para quem busca emagrecer com saúde, a combinação de uma dieta equilibrada, como a mediterrânea, com atividade física regular ainda é a base mais recomendada. Já pessoas com maior risco metabólico ou com obesidade grave podem se beneficiar de medicamentos ou cirurgia, sempre com orientação médica.
O mais importante é entender que não existe fórmula única: o caminho mais eficaz depende de uma combinação personalizada de ciência, apoio profissional e mudanças de comportamento.