O mundo está emocionalmente doente. De acordo com a mais recente edição do Atlas da Saúde Mental, atualizado em 2017 pela OMS, os casos de depressão aumentaram 18,4% entre 2005 e 2015, atingindo 322 milhões de pessoas de todas as idades, gêneros, raças e perfis socioeconômicos pelo mundo.
No Brasil, 11,5 milhões de pessoas são afetadas pela depressão, alcançando o maior índice de ocorrências em toda a América Latina. Os números são alarmantes, pois, além de afetar o quadro emocional, a doença também impacta profundamente o funcionamento do corpo causando dores de cabeça e musculares, problemas digestivos, distúrbios alimentares, problemas no sono, cansaço constante, doenças cardiovasculares e queda da imunidade, abrindo caminho para outras doenças.
Definitivamente, um dos piores desfechos para a depressão é o suicídio. O tema é espinhoso, tratado como tabu na maioria das sociedades e até entre profissionais da saúde. No entanto, os números da OMS mostram uma dura realidade: somente no ano de 2015, 800 mil pessoas tiraram a própria vida (1,5% da causa de mortes no mundo). No mesmo ano, o suicídio foi a segunda causa de morte entre os jovens de 15 a 29 anos. O Atlas da Saúde 2017 aponta 6,5 suicídios a cada 100 mil habitantes no Brasil em 2017.
Desinformação e preconceito
Uma série de estudos científicos comprovam que a depressão é uma doença comum. Suas causas podem ser emocionais e/ou fisiológicas, levando a alterações químicas que prejudicam o funcionamento do cérebro. Apesar disso, muitas pessoas ainda veem o mal como uma fase melancólica passageira, sinal de fraqueza ou até mesmo como um problema de ordem espiritual.
A desinformação e os obstáculos para o diagnóstico e tratamento levam apenas metade das pessoas acometidas pela depressão busquem ajuda profissional.
Vivendo com a depressão
Somente profissionais especializados como clínico geral, psiquiatras e psicólogos estão aptos a diagnosticar o quadro de depressão e indicar o tratamento mais adequado para cada caso. Para isso, são avaliadas as causas e histórico de saúde do paciente. Entre os tratamentos mais comumente recomendados pelos médicos e terapeutas estão:
– Medicação
Existem dezenas de medicamentos antidepressivos disponíveis para o tratamento, que será designado pelo profissional da saúde de acordo com o perfil do paciente, após avaliação e exames clínicos e devem ser utilizados sob supervisão.
– Psicoterapia
Em parceria entre psiquiatra e psicólogo, as psicoterapias vão investigar as causas da depressão. Nessa etapa, que pode durar meses ou anos, o apoio da família é fundamental. A psicoterapia identifica fatores de estresse, trata traumas e atua na prevenção de episódios e crises depressivas no futuro.
Tratamentos complementares
Tratamentos complementares podem ajudar o paciente a lidar com os efeitos das depressão, mas não devem substituir o tratamento clínico e a psicoterapia.
– A acupuntura, por exemplo, já é considerada uma especialidade médica desde 1995, e estudos indicam que a técnica milenar ajuda na liberação da serotonina. Vale lembrar que a aplicação das agulhas deve ser feita por profissionais capacitados e pode ser realizada em casa, com auxílio da fisioterapia domiciliar.
– Apoio nutricional também é importante e pode ajudar no tratamento da depressão. Em palestra realizada pelo psiquiatra Drew Ramsey, da Universidade Colúmbia, durante um congresso da Associação Americana de Psiquiatria, nutrientes como ferro, zinco, magnésio, e vitaminas são pode diminuir em 50% o risco de depressão.
– Atividades físicas regulares ajudam o cérebro a produzir endorfina, substância que está diretamente ligada ao bem-estar e ao prazer. Uma boa conversa entre paciente e médicos podem identificar as atividades mais benéficas, incluindo aspectos de socialização como esportes em equipe, dança, yoga, entre outros.
Caso conheça alguém que precise de ajuda, entre em contato com o Centro de Valorização da Vida (CVV) pelo telefone 188 e busque orientações.