A Universidade Federal de Rondônia (UNIR) e o Instituto Federal de Rondônia (IFRO) promovem um evento central para discutir a problemática agrária no estado. O debate ocorre em um momento de crescente criminalização dos movimentos sociais na região. A programação inclui o lançamento de um livro sobre o Massacre de Corumbiara.
O evento é intitulado A Atualidade da questão agrária na passagem dos 30 anos da resistência camponesa de Corumbiara. A atividade reunirá pesquisadores, geógrafos, historiadores e advogados.
O Legado de Corumbiara 30 Anos Depois
A colonização dirigida de Rondônia (décadas de 1970 e 1980) atraiu migrantes em busca de terra, mas resultou em violência e grilagem. Essa história de tensão atingiu um pico em 9 de agosto de 1995 com o chamado Massacre de Corumbiara.
O episódio ocorreu na Fazenda Santa Elina e vitimou centenas de agricultores, entre mortos, feridos e torturados. O Prof. Dr. Ricardo Gilson da Costa Silva, do GTGA/UNIR e um dos organizadores, analisa que a brutal selvageria buscava frear a luta pela terra.
O Prof. Dr. Márcio M. Martins, do NEHLI/IFRO, coorganizador, questiona o discurso utilizado. Ele lembra que os camponeses cercados por policiais e pistoleiros agiram em legítima defesa. O comando policial, contudo, alegou “táticas de guerrilha”, omitindo atrocidades como tortura e execuções.
“Na atualidade, se apregoa o mesmo discurso para atacar famílias de posseiros em várias localidades de Rondônia. O que mudou de lá pra cá?“, questiona o professor.
Programação e Atos de Desagravo
A programação será realizada no auditório da UNIR Centro. Ela terá início às 8h30 de quinta-feira, 20 de novembro.
A Prof.ª Dr.ª Helena Angélica de Mesquita, estudiosa da Questão Agrária pela UFG, estará entre as debatedoras. Ela acompanhou os acontecimentos desde o massacre até o julgamento que inocentou os mandantes.
O primeiro dia, 20 de novembro, prevê uma homenagem aos mártires de Corumbiara. Em seguida, ocorrerão duas mesas: “30 ANOS DO MASSACRE E RESISTÊNCIA CAMPONESA NA FAZENDA SANTA ELINA EM CORUMBIARA” e “A CRIMINALIZAÇÃO DA LUTA PELA TERRA EM RONDÔNIA”.
O evento contará também com um ato de desagravo pela prisão arbitrária da advogada popular Lenir Correia Coelho.
Lançamentos e Debates no Segundo Dia
No dia 21 de novembro, a programação terá um cine debate sobre filmes do massacre. A mesa “A QUESTÃO AGRÁRIA EM RONDÔNIA E O AVANÇO DO AGRONEGÓCIO” será realizada em seguida. As mesas serão compostas por pesquisadores, advogados populares e representantes de Movimentos Sociais.
Ainda no dia 21, serão lançadas duas obras. A primeira é “RONDÔNIA: QUESTÃO AGRÁRIA E MEMÓRIA DA RESISTÊNCIA CAMPONESA DE CORUMBIARA”. O livro, com 15 capítulos, aborda o massacre e as dinâmicas territoriais. A segunda obra é “NOSSA PRIMAVERA COMEÇA EM AGOSTO”, de autoria da pesquisadora Maria Estélia de Araújo.
As inscrições para o evento podem ser feitas por meio do link https://abrir.link/WCDSH. Elas estarão abertas até o dia 19 de novembro.










































