O presidente Luiz Inácio Lula da Silva enfatizou na Cúpula de Líderes da COP30, nesta sexta-feira (7), que a crise climática exige uma revisão urgente do sistema energético global. Ele afirmou que “a Terra não comporta mais o modelo de desenvolvimento baseado no uso intensivo de combustíveis fósseis que vigorou nos últimos 200 anos”.
Lula destacou que 75% das emissões de gases do efeito estufa (GEE) têm origem na produção e no consumo de energia, e que as decisões sobre o setor energético definirão o sucesso ou o fracasso no combate à mudança do clima.
Tripé da Transição Energética
O presidente propôs que a transição energética global seja baseada em três pilares essenciais:
Acordo de Dubai: Implementar o acordo que prevê triplicar a energia renovável e dobrar a eficiência energética até 2030.
Pobreza Energética: Eliminar a pobreza energética, garantindo acesso a combustíveis e eletricidade para a população global.
Compromisso de Belém: Aderir ao Compromisso de Belém para quadruplicar o uso de combustíveis sustentáveis até 2035 e acelerar a descarbonização.
Matriz Energética Limpa do Brasil
Lula exaltou o Brasil como referência na transição energética, destacando que a ciência e a tecnologia permitem a evolução segura para um modelo centrado em energias limpas.
Matriz Elétrica: 90% da matriz elétrica nacional provém de fontes limpas.
Biocombustíveis: O país é pioneiro no desenvolvimento de motores flexíveis e o segundo maior produtor mundial de biocombustíveis.
Composição de Combustíveis: A gasolina brasileira tem 30% de etanol na composição, e o diesel conta com 15% de biodiesel. O etanol foi apontado como uma alternativa eficaz e imediatamente disponível para setores desafiadores, como a indústria e os transportes.
O presidente observou que a transição já está em curso globalmente, citando que a energia renovável se tornou a maior fonte individual de geração de eletricidade no primeiro semestre de 2025, superando o carvão.
Obstáculos e Financiamento
Lula alertou que o progresso lento na redução de emissões é um indicativo de que os acordos internacionais e as políticas econômicas precisam de alinhamento.
Incentivos Financeiros: Ele criticou o fato de que, no ano passado, 65 dos maiores bancos concederam US$ 869 bilhões ao setor de petróleo e gás, indicando que os incentivos financeiros muitas vezes vão no sentido contrário ao da sustentabilidade.
Pobreza Energética: A urgência da pobreza energética foi destacada: 660 milhões de pessoas dependem de lamparinas ou geradores a diesel e 200 milhões de crianças frequentam escolas sem luz elétrica. A falta de energia impede conexão digital, hospitais e agricultura moderna.
Financiamento Climático: Lula defendeu o aumento do financiamento para o Sul Global, com acesso a novas tecnologias. Ele propôs mecanismos inovadores de troca de dívida por financiamento de iniciativas de mitigação.
O presidente defendeu ainda que direcionar parte dos lucros da exploração de petróleo para a transição energética é um caminho válido. O Brasil, segundo ele, estabelecerá um Fundo dessa natureza para financiar o enfrentamento da mudança do clima e promover a justiça climática.









































