A Assembleia Legislativa de Rondônia (Alero) promoveu, na manhã desta sexta-feira (24), uma palestra com o tema “Todos contra o assédio moral e sexual – por um ambiente de trabalho livre de violências”. O evento, organizado pela Secretaria de Modernização da Gestão, foi realizado no auditório da Casa de Leis e voltado aos servidores e colaboradores da instituição.
A atividade foi conduzida pelo psicólogo Edcarlos Barbosa, coordenador do Núcleo Psicossocial da Defensoria Pública do Estado de Rondônia (DPE-RO), que apresentou dados, conceitos e formas de prevenção ao assédio no ambiente de trabalho.
“Trabalhar não é, em tempo algum, apenas produzir. É também e sempre viver juntos”, citou o psicólogo, referindo-se ao pensamento do pesquisador Christophe Dejours.
Dados alarmantes sobre assédio
Durante a exposição, o palestrante destacou números que revelam a gravidade do problema:
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Em 2021, foram registrados 52 mil casos de assédio moral no Brasil, segundo a Justiça do Trabalho;
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No mundo, 1 em cada 5 pessoas sofre violência e assédio no trabalho, conforme a Organização Internacional do Trabalho (OIT);
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As mulheres são as maiores vítimas e muitas não denunciam;
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Em 2023, o Ministério Público do Trabalho (MPT) registrou 8.508 denúncias apenas até julho, igualando o total do ano anterior;
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Entre 2020 e 2023, o Tribunal Superior do Trabalho (TST) julgou cerca de 400 mil casos de assédio moral e sexual.
Assédio moral e sexual: conceitos e diferenças
Segundo Edcarlos, o assédio moral ocorre por meio de condutas repetitivas que humilham e desestabilizam psicologicamente a vítima. Já o assédio sexual envolve qualquer conduta indesejada de natureza sexual que fira a dignidade e a liberdade da pessoa.
Entre os exemplos citados estão convites impertinentes, contatos físicos não desejados, insinuações, gestos ou comentários de duplo sentido.
“Um único ato pode ser suficientemente grave para atingir a honra, a dignidade e a moral da pessoa assediada”, alertou o palestrante.
Tipos e fatores associados ao assédio
O assédio moral pode ser interpessoal (de pessoa para pessoa) ou institucional, quando a própria organização tolera práticas humilhantes. Também pode ocorrer de forma vertical, horizontal ou mista, dependendo da hierarquia envolvida.
Entre os fatores que favorecem o assédio, o psicólogo citou: abuso de poder, metas excessivas, cultura autoritária, despreparo de chefias, rivalidade e discriminação de gênero, raça ou orientação sexual.
Impactos e danos
O assédio provoca sérias consequências:
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Físicos: dores generalizadas, palpitações e agravamento de doenças;
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Psíquicos: depressão, ansiedade, burnout e risco de suicídio;
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Sociais: isolamento e desmotivação;
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Institucionais: queda de produtividade e licenças médicas.
Prevenção e enfrentamento
Entre as medidas recomendadas estão:
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criação de canais de denúncia e protocolos de atendimento;
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oferta de apoio psicológico e espaços de escuta;
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promoção de palestras e oficinas sobre o tema;
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elaboração de códigos de ética;
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fortalecimento das relações de respeito e diversidade no ambiente de trabalho.
Depoimentos e reflexões
A estagiária Vitória Oliveira, de 18 anos, destacou a importância do diálogo:
“A gente precisa de momentos como esse, porque o assédio pode acontecer em qualquer lugar.”
A servidora Lilian Maia, de 54 anos, reforçou a relevância do tema:
“Na minha época, esses assuntos não eram falados. Falar é muito importante. Precisamos de mais respeito entre as pessoas.”
A estagiária de gestão financeira Keulliane Falcão afirmou que o tema precisa de mais divulgação, e o garçom Jucelino Magalhães, de 55 anos, considerou o encontro uma oportunidade de aprendizado.
O evento também contou com a participação do auxiliar de refrigeração Davi Almeida, que ressaltou ter aprendido a identificar situações de assédio.










































