O deputado Rogério Correia (PT-MG) protocolou um requerimento para solicitar a prisão preventiva do ex-presidente da Amar Brasil Clube de Benefícios (ABCB), Felipe Macedo Gomes. O pedido de prisão foi formalizado após Gomes se manter em silêncio durante o seu depoimento na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI do INSS) na segunda-feira, 20 de outubro de 2025. O ex-presidente recusou-se a prestar qualquer esclarecimento aos membros do colegiado.
No requerimento, o deputado Correia sustenta que as investigações apontam que Felipe Macedo Gomes utilizou a entidade para desenvolver um sistema próprio de biometria. O objetivo seria fraudar assinaturas e, assim, realizar descontos não autorizados nos benefícios do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS).
Fraudes e movimentação de R$ 700 milhões
As investigações da Polícia Federal (PF) e da Controladoria-Geral da União (CGU) indicam que a Amar Brasil movimentou R$ 143 milhões entre 2022 e 2024. As autoridades relatam que 96,9% dos aposentados afetados afirmaram não ter autorizado os débitos.
O deputado Rogério Correia argumenta que a manutenção da liberdade de Felipe Macedo Gomes representa um “risco concreto à ordem pública”. O parlamentar menciona o forte poder econômico e a influência política de Gomes, alegando que isso eleva o risco de fuga do país e pode comprometer o andamento das investigações.
Felipe Macedo Gomes faz parte do grupo conhecido como “jovens ricaços”, envolvido em um esquema que utilizava quatro entidades investigadas pela CPMI do INSS. Além da ABCB, as associações Associação de Amparo Social ao Aposentado e Pensionista (AASAP), Master Prev e Associação Nacional de Defesa dos Direitos dos Aposentados e Pensionistas (ANDDAP) faturaram, juntas, R$ 700 milhões com os descontos indevidos de aposentados e pensionistas.
Bens de luxo e inquérito
Outros envolvidos no esquema, segundo as investigações, são Américo Monte, Anderson Cordeiro e Igor Delecrode. A PF identificou uma frota de carros de luxo em nome do grupo. Entre os veículos, estão 16 Porsches, uma Ferrari e cinco BMWs. O deputado Correia completou que a evolução patrimonial de Gomes é incompatível com a renda declarada antes da constituição da ABCB.
Durante o depoimento, a recusa de Felipe Macedo Gomes em cooperar, amparada por um habeas corpus concedido pelo ministro Dias Toffoli do Supremo Tribunal Federal (STF), gerou insatisfação na comissão. O relator, deputado Alfredo Gaspar (União-AL), também anunciou que pedirá a prisão preventiva do ex-presidente na próxima reunião deliberativa. O relator questionou Gomes sobre uma doação de R$ 60 mil feita à campanha do ex-ministro Onyx Lorenzoni, que foi ministro do Trabalho e Previdência, mas Gomes permaneceu em silêncio.
Para amanhã, 23 de outubro, estão previstos os depoimentos de Virgílio Antônio Ribeiro de Oliveira Filho, ex-procurador-geral do INSS afastado, e de sua esposa, Thaisa Hoffmann Jonasson.