A Comissão de Agropecuária e Política Rural da Assembleia Legislativa de Rondônia (Alero) debateu, nesta terça-feira (21), a grave crise que atinge o setor leiteiro do estado. O encontro, presidido pela deputada Cláudia de Jesus (PT), contou com a presença dos deputados Delegado Lucas e Pedro Fernandes (PRD), além de representantes do setor produtivo, como o produtor rural Manoel Cuiabano e o vereador de Buritis, José Lopes (PRD).
O principal tema da discussão foi a baixa remuneração do litro de leite, que tem causado insatisfação e perdas aos produtores. Segundo Manoel Cuiabano, o valor pago pelas indústrias vem sofrendo sucessivas reduções, chegando a R$ 1,70 por litro, abaixo do mínimo recomendado pelo Conseleite.
“Esse mês pagaram R$ 1,70. A indústria paga o valor mínimo do Conseleite, alegando que 80% da produção vai para muçarela, mas usa o leite de pior qualidade como referência”, afirmou o produtor, que representa a Associação dos Pecuaristas do Estado de Rondônia.
Ele alertou que cerca de 20 mil famílias ainda dependem da atividade, mas muitas têm abandonado o campo diante da desvalorização do produto. “Estamos na UTI. O governo é sócio majoritário da indústria de laticínios, e nós produtores somos os menos valorizados. Se não houver produção, não há arrecadação. Precisamos de socorro”, desabafou.
Durante a reunião, o deputado Pedro Fernandes defendeu uma revisão dos incentivos fiscais concedidos às indústrias, argumentando que o benefício não tem refletido na renda dos produtores. “A indústria tem incentivos, mas isso não se reflete no bolso de quem está no campo. O preço praticado aqui é desproporcional se comparado a outros estados”, destacou.
O deputado Delegado Lucas reforçou o compromisso da comissão com os trabalhadores rurais. “Esse espaço foi aberto para ouvir quem precisa ser ouvido. A Comissão de Agricultura está 100% à disposição”, garantiu.
A deputada Cláudia de Jesus propôs a realização de uma reunião ampliada com representantes da Sefin, Seagri, Emater, Conseleite, Faperon e Fetagro, a fim de buscar soluções práticas para o setor. “Precisamos estudar a legislação atual, ouvir todos os lados e propor mudanças. Se nada for feito, a produção tende a cair ainda mais”, afirmou.
Também foi citada a necessidade de revisar leis estaduais, como a Lei 1.473/2025, que, segundo os produtores, não tem garantido contrapartidas em geração de empregos ou melhorias diretas ao setor. Manoel Cuiabano sugeriu ainda a criação de subsídios de 50% para matrizes leiteiras, visando reaquecer a produção.
A próxima reunião ordinária da Comissão de Agropecuária e Política Rural está marcada para o dia 28 de outubro.