O Dia do Poeta, comemorado em 20 de outubro, foi criado em homenagem à fundação do Movimento Poético Nacional, em 1976, na residência do jornalista Paulo Menotti Del Picchia, em São Paulo. Já o Dia Nacional da Poesia é celebrado em 31 de outubro, data de nascimento de Carlos Drummond de Andrade, um dos maiores nomes da literatura brasileira.
A celebração tem como objetivo enaltecer a força da palavra poética, promover a cultura e reconhecer os artistas que mantêm viva a tradição literária no país.
Homenagens na Alero
Em Rondônia, a Assembleia Legislativa do Estado de Rondônia (Alero) promoveu uma sessão solene de entrega de votos de louvor aos poetas do estado. A iniciativa partiu do deputado estadual Ribeiro do Sinpol (PRD), em reconhecimento ao papel dos artistas na difusão da cultura rondoniense.
A ação ocorreu no mês em que a Casa de Leis celebra seus 42 anos de instalação, reforçando a importância da poesia como instrumento de memória, resistência e identidade.
A poesia na história
O professor Eliézer Wanderley, com 40 anos de atuação na área de Letras, explica que texto em verso e poesia não são sinônimos.
“O poema é a estrutura do texto, enquanto a poesia é a essência — a arte que sensibiliza e inspira”, destacou.
Ele relembrou que a poesia surgiu junto com a linguagem humana, inicialmente de forma oral, e atravessou civilizações como Índia, China, Egito e Mesopotâmia. Na Antiguidade Clássica, o filósofo Aristóteles foi um dos primeiros a sistematizar a estética poética, definindo-a como manifestação da alma e do impulso criador.
Poetas e identidades regionais
Para o escritor Rubens Vaz Cavalcante, conhecido como Binho, a poesia é uma linguagem universal, mas também demarca pertencimento.
“O que chamam de poesia regional é, na verdade, a expressão de cada território. Não limita o poeta, mas reforça suas raízes”, afirma.
Binho também ressaltou desafios enfrentados pelos autores locais, como a falta de editoras que invistam em novos escritores e a baixa compra de livros por parte do público.
Vozes femininas na literatura
A poeta Celeste Sousa, membra da Academia Rondoniense de Letras, Ciências e Artes, enfatizou que a poesia une gerações e eterniza identidades.
“Ela valoriza saberes e culturas que correm o risco de se perder ao longo do tempo. A literatura rondoniense ainda enfrenta barreiras e estereótipos que precisam ser rompidos”, afirmou.
Celeste é autora de Poemas de Sentir e está preparando o livro infantil A Fazendinha de Manga.
Escrita como resistência
A escritora Elaine Márcia Souza Rosa participa de diversas coletâneas literárias e defende mais visibilidade aos poetas locais, por meio de oficinas, parcerias com editoras e editais de incentivo cultural.
Ela cita iniciativas como a coletânea Parto (di) Versos, viabilizada pela Superintendência da Juventude, Cultura, Esporte e Lazer de Rondônia com recursos da Lei Aldir Blanc.
Rap, resistência e poesia
Com mais de 20 anos de atuação no Hip Hop, Sandra Braids é uma das precursoras do rap feminino em Rondônia. Para ela, “a poesia é a base da minha expressão artística. Transformo dor em palavra e palavra em força”.
Suas composições abordam identidade negra, periferia e ancestralidade. A artista destaca nomes que a inspiram, como Conceição Evaristo, Nilza Menezes e Nair Ferreira Gurgel do Amaral.
Legado de Zezinho Maranhão
O poeta e compositor José Alves da Silva, conhecido como Zezinho Maranhão, também foi lembrado na celebração. Seu irmão, o professor Chiquinho, contou que o álbum E agora, Zezinho!! nasceu como resposta ao célebre poema E agora, José?, de Drummond.
Zezinho, com sua poesia musical e autêntica, deixou um legado que conecta arte, cultura amazônica e identidade regional.
Importância da poesia
A celebração do Dia do Poeta e do Dia Nacional da Poesia reforça que a palavra tem poder de transformação social. A poesia humaniza, questiona e inspira — seja nos versos de um livro, na música ou nas batalhas de slam.