O governo federal anunciou neste sábado (18) o lançamento de um novo edital da Rede Nacional de Cursinhos Populares (CPOP). A previsão é que o edital seja lançado em dezembro, contemplando até 500 projetos e totalizando um investimento de R$ 108 milhões. O anúncio foi feito em São Bernardo do Campo (SP), com a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Instituída pelo Decreto 12.410/2025, a CPOP tem o objetivo de oferecer suporte técnico e financeiro para a preparação de estudantes da rede pública em situação de vulnerabilidade social que buscam ingressar na educação superior por meio do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem).
Fortalecimento da política educacional
O ministro da Educação, Camilo Santana, destacou a expectativa de que o número de cursinhos selecionados chegue a 700 até o final da atual gestão. Ele reconheceu a importância da rede de iniciativas populares que já existia e ressaltou que o investimento governamental visa transformar esse apoio em uma política pública duradoura.
Santana citou um conjunto de programas concebidos nas gestões de Lula para o acesso à educação, incluindo o Prouni, o Sisu, o Enem e o Fies. Ele também destacou o programa Pé-de-Meia, que, segundo o ministro, tem alcançado bons resultados ao reduzir a evasão escolar pela metade.
Todas essas ações têm o objetivo de “dar a oportunidade de a universidade ter a cara do Brasil”, nivelando as condições entre estudantes de classes sociais vulnerabilizadas e a classe média e ricos, diminuindo assim a desigualdade no acesso. O ministro ainda defendeu a valorização dos educadores, salientando que “Professor tem que ser a profissão mais valorizada, porque todo mundo passa pelo professor.”
Equidade e cotas no ensino superior
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que já foi titular da pasta da Educação, complementou o debate. Ele relembrou que, antigamente, egressos de colégios públicos tinham grande dificuldade de acesso e permanência em universidades públicas. O Prouni, por exemplo, foi estruturado para aumentar a representatividade de grupos minorizados, como a população negra, entre estudantes e professores.
Haddad mencionou que a constatação de sua época no MEC era que o governo precisaria atuar na tributação da parcela mais rica da população para concretizar uma educação melhor para o país. Ele afirmou que essa medida tem gerado críticas e mobilizado uma campanha contra o aumento da contribuição por meio de impostos.
O ministro relembrou a resistência inicial à reserva de vagas nas universidades para alunos de escolas públicas, que hoje contempla metade das vagas (cotas).
“Isso equivale a fazer uma reforma agrária inteira no ensino superior brasileiro. É você dividir com justiça. O aluno de escola particular não podia reclamar que ele ia ficar com menos, porque reservar a metade não era tirar nada de ninguém, era distribuir de forma mais justa,” disse Haddad.
Ele finalizou destacando o impacto das cotas raciais, que dividem as vagas reservadas entre brancos e negros na proporção de cada estado. “Hoje você entra em uma universidade pública e vê que mudou de cor. Ela é mais brasileira, é mais autêntica, é mais representativa. E é mais inteligente.”