Após participar do Fórum Mundial da Alimentação em Roma, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva declarou nesta segunda-feira (13) que a fome no mundo é, fundamentalmente, um problema político, e não econômico. O evento foi promovido pela Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO).
Indignação e prioridades de gastos
Em coletiva de imprensa, Lula defendeu que a solução para a fome está na vontade dos líderes mundiais.
“Se houver interesse político dos governantes do mundo inteiro, se encontrará um jeito de colocar o café da manhã, o almoço e a janta para o povo pobre do mundo inteiro”, destacou.
O presidente questionou a disparidade entre os investimentos globais em defesa e em alimentação. Ele citou que o mundo rico gasta US$ 2,7 trilhões em armamentos, e que apenas 12% desse valor, aproximadamente US$ 300 bilhões, seria suficiente para alimentar 763 milhões de pessoas que passam fome.
Produção e distribuição de alimentos
Lula rebateu a antiga ideia de que a capacidade tecnológica não seria suficiente para produzir alimentos para a população crescente. Ele afirmou que, atualmente, o mundo produz quase duas vezes o alimento necessário.
Para o presidente, o desafio não é a produção, mas sim o consumo e a distribuição eficaz dos alimentos. “Não basta produzir, é preciso consumir, é preciso chegar até as pessoas. E fazer com que as pessoas recebam esse alimento. E é preciso ter renda.”
Ao final, Lula reforçou que o mundo é desigual porque a economia é pensada de forma a gerar essa desigualdade. Ele prometeu levar o tema para discussão em todos os fóruns mundiais.
“Podem gostar ou não gostar, mas, em todos os fóruns em que eu participar, os dirigentes políticos vão me ouvir falar da desigualdade racial, da desigualdade de comida, da desigualdade do salário, da desigualdade de tudo”, concluiu.