O presidente Luiz Inácio Lula da Silva recebeu o presidente do Panamá, José Raúl Mulino, em Brasília e manifestou o apoio direto do Brasil ao tratado sobre a neutralidade e a operação do Canal do Panamá. Em seu discurso, Lula defendeu a soberania panamenha sobre o Canal, conquistada após décadas de luta e que, segundo ele, tem sido administrada com eficiência e respeito à neutralidade desde 1999.
Lula fez uma crítica velada a recentes ameaças do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de retomar o controle sobre a via marítima. Ele destacou que “tentativas de restaurar antigas hegemonias” prejudicam a liberdade e a autodeterminação dos povos latino-americanos e que o comércio internacional não deve ser usado como “instrumento de coerção e chantagem”.
O Brasil, como membro da Organização dos Estados Americanos (OEA), já reconhece a validade do Tratado de Neutralidade. A visita de Mulino reforçou a aliança, com a assinatura de um memorando de entendimento entre o Ministério dos Portos e Aeroportos do Brasil e a Autoridade do Canal do Panamá para otimizar as exportações brasileiras.
Parcerias e agenda ambiental
Durante o encontro, também foram firmados outros acordos de cooperação entre os países. A Embraer anunciou a venda de quatro aeronaves modelo A-29 Super Tucano para o Serviço Nacional Aeronaval do Panamá. Além disso, a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) atuará com o país para expandir a capacidade de produção de vacinas e fortalecer o polo farmacêutico regional.
O presidente Mulino confirmou sua presença na COP30, em Belém, no Pará, em novembro, e expressou preocupação com a migração e as secas que afetam o Panamá. Em resposta, Lula convidou o país a aderir ao Fundo Florestas Tropicais para Sempre (TFFF), um mecanismo que irá recompensar países que preservam suas florestas, e ressaltou que Brasil e Panamá merecem ser remunerados pelos serviços ambientais.