Na noite de quarta-feira (30), o governador do Acre, Gladson Cameli (Progressistas), foi questionado em entrevista sobre a “crise” entre EUA e Brasil decorrente do chamado “tarifaço” do presidente norte-americano Donald Trump, que vem punindo o país e principalmente a economia. A questão surgiu em função da defesa de Trump de que o ex-presidente Jair Bolsonaro estaria sendo injustiçado no julgamento do Supremo Tribunal Federal (STF), que revela que o ex-mandatário arquitetou e liderou as ações de um “golpe de Estado” contra o Brasil.
Ao contrário do que afirmou Lula, de que não se ajoelharia a Trump, Gladson, em tom de piada, deixou escapar: “Se eu fosse o Lula, iria bater na porta do Trump e dizer: ‘Mr. Presidente, bora se aquietar!'”
Para Gladson, a política brasileira, assim como a ideologia e os conflitos mundiais, precisa se acalmar. “Precisa acalmar os ânimos. É guerra. Há crianças sendo mortas (palestinas) por motivo de guerra. É essa guerra política por conta dessa antecipação de eleição, de ideologia. Está comprovado, pelo menos aqui no Brasil, que esse radicalismo, tanto da esquerda quanto da direita, o povo não quer e deixou isso claro! Quem vai pagar essa conta somos nós”, disse.
Em meio à polarização ideológica, principalmente na política do Acre, onde o ex-presidente Jair Bolsonaro obteve uma votação expressiva (próxima de 100%) nas urnas, mesmo sendo derrotado por Lula nas eleições de 2022, Cameli acredita que esse cenário tem um grande perdedor: o próprio estado do Acre, que depende das ações do governo federal para se manter.
No entendimento de Gladson, direita e esquerda precisam parar com essa luta ideológica. “Ninguém desce do palanque. Aqui mesmo no Acre, um estado pequeno, parece que a eleição já ocorreu e só falta a posse do governador. Mas, para isso, é preciso executar o orçamento de 2025, e inclusive na semana que vem irei a Brasília. O governo federal convocou os governadores para explicar a reforma tributária e discutir o cenário econômico para os estados. Estamos próximos da COP-30, e há um problema diplomático que se criou. Como já mencionei: se a economia dos estados entrar em colapso, quem pagará a conta serão os próprios estados”, explicou.

Apesar de ser um governador eleito com votos bolsonaristas, o acriano Cameli demonstra sensatez ao perceber que os EUA perdem ao tentar impor medidas contra o Brasil. “Somos um país continental. A China está ‘doidinha’ para vir para cá’, afirma.
O tarifaço de Trump não é uma questão apenas de cunho econômico. O próprio Trump deixou claro que a rixa com o Brasil tem Jair Bolsonaro como epicentro de uma disputa que agora envolve até “terras raras”. Segundo Trump, Bolsonaro, que é julgado no STF por tentar um golpe contra o Estado, “está sendo” injustiçado. Nesse meio-tempo, ele inclusive aponta o presidente do STF, Alexandre de Moraes, como responsável por perseguição, o que as investigações pela Polícia Federal já descartaram e provam a participação de civis e até mesmo de militares das Forças Armadas. Eles também vêm sendo julgados.