O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) começa seu artigo declarando que o ano de 2025 poderia estar sendo de celebração em razão dos 80 anos de criação da Organização das Nações Unidas (ONU), criada em 1945, mas ao que tudo indica, o momento é de ruína para a humanidade. “As rachaduras já estavam visíveis. Desde a invasão do Iraque e do Afeganistão, a intervenção na Líbia e a guerra na Ucrânia, alguns membros permanentes do Conselho de Segurança banalizaram o uso ilegal da força. A omissão frente ao genocídio em Gaza é a negação dos valores fundamentais da humanidade. A incapacidade de superar diferenças fomenta uma nova escalada de violência no Oriente Médio. O ataque ao Irã é o capítulo mais recente dessa escalada”, descreve Lula.
No artigo assinado por Lula e divulgado na quinta-feira (10) nos jornais Le Monde (França), El País (Espanha), The Guardian (Reino Unido), Der Spiegel (Alemanha), Corriere della Sera (Itália), Yomiuri Shimbun (Japão), China Daily (China), Clarín (Argentina) e La Jornada (México), o presidente brasileiro lembrou que o colapso de 2008 deixou evidente o fracasso da globalização neoliberal. Nesse sistema, prevaleceu o socorro aos super-ricos e grandes corporações às custas dos cidadãos comuns e dos pequenos negócios, aprofundando as desigualdades.
Dados apresentados por Lula revelam que, em 10 anos, apenas 1% das pessoas mais ricas do mundo acumulou US$ 33,9 trilhões – quantia 22 vezes superior ao necessário para erradicar a pobreza mundial. O extremismo, como demonstram os discursos recentes no Brasil, especialmente nesta semana em que os EUA taxaram em 50% os produtos brasileiros exportados sob o pretexto da (inocência do ex-presidente Jair Bolsonaro), julgado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) por tentativa de golpe de Estado crime veementemente condenado pela Constituição brasileira, é preocupante. Lula explicou que “o estrangulamento da capacidade de ação do Estado redundou no descrédito das instituições. A insatisfação tornou-se terreno fértil para as narrativas extremistas que ameaçam a democracia e fomentam o ódio como projeto político”.
De acordo com Lula, os esforços para reduzir a pobreza mundial têm se esfacelado. Em vez de investimentos, os países ricos incrementam uma política de cortes no orçamento. Para Lula, o investimento não é caridade, mas uma correção das disparidades incrementadas por séculos de subserviência. “Muitos países cortaram programas de cooperação em vez de redobrar esforços para implementar os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável até 2030. Os recursos são insuficientes, seu custo é elevado, o acesso é burocrático e as condições impostas não respeitam as realidades locais. Em um mundo com um PIB combinado de mais de 100 trilhões de dólares, é inaceitável que mais de 700 milhões de pessoas continuem passando fome e vivam sem eletricidade e água potável”, lamenta.
O artigo completo escrito pelo presidente da República foi publicado nos principais jornais internacionais. Acesse-o por meio deste link.