Durante uma fala na tribuna da Assembleia Legislativa de Rondônia, a deputada estadual Dra. Taíssa Sousa (Podemos) relatou ao seus colegas parlamentares e a população, um caso dramático ocorrido com um casal do distrito de Nova Dimensão. Segundo a parlamentar, ela recebeu uma ligação desesperada de uma moradora, Andressa, pedindo ajuda para que o marido pudesse realizar uma cirurgia de neurologia, uma vez que o procedimento, no setor particular, custa cerca de R$ 100 mil.
“Ela me ligou chorando, dizendo que faria o impossível para tentar salvar o marido. E me pergunto: quanto vale uma vida?”, desabafou a deputada.
Segundo Dra. Taíssa, ao entrar em contato com o secretário de Saúde, foi informada de que o contrato com os neurologistas do estado havia encerrado naquele mesmo dia e que nenhuma empresa havia manifestado interesse em continuar. Ainda conforme a explicação do secretário, por ser uma contratação empresarial, não há obrigatoriedade de renovação contratual se o prestador não desejar continuar.
O cenário descrito pela parlamentar é grave: 20 pacientes internados no Hospital João Paulo II, em Porto Velho, estão na fila aguardando cirurgia de neurologia, sem previsão para atendimento.
“Eu liguei quase chorando. Venho de uma família humilde e sei o que é não ter dinheiro para pagar uma cirurgia. Sei o que é vender o que não se tem para tentar salvar quem a gente ama”, afirmou a deputada, visivelmente abalada.
Dra. Taíssa também fez um apelo direto aos profissionais neurologistas do estado, pedindo que, por um momento, deixem de lado as questões contratuais e pensem na vida dos pacientes que dependem da atuação deles. “Sei que todos merecem receber, sei que a remuneração muitas vezes é injusta. Mas nós não podemos permitir que a população pague com a própria vida por falhas administrativas”, reforçou.
A parlamentar também cobrou da Secretaria de Estado da Saúde (Sesau) uma solução urgente para o problema, alertando que a baixa remuneração tem afastado especialistas de Rondônia e contribuído para a escassez de profissionais na rede pública. “A maioria dos especialistas vai embora porque o salário é vergonhoso. Muitos médicos trabalham o dia inteiro e estudam à noite. Ser especialista é um privilégio para poucos”, pontuou.
Ao finalizar sua fala, Dra. Taíssa pediu que a Assembleia Legislativa una forças para cobrar providências e fiscalizar a situação nas unidades hospitalares. “Não podemos permitir que mais nenhuma vida seja perdida por causa da omissão do Estado. A responsabilidade é nossa.”