Reforçar a imagem de um ex-presidente injustiçado, preso político, condenado sem provas, líder nas pesquisas impedido de disputar a eleição deste ano por força do “golpe”. Além de emplacar o grande mote da campanha petista deste ano, o partido tem outro grande desafio: identificar o momento mais propício de trocar o cabeça da chapa que será registrada na próxima quarta-feira (15/8).
Dificilmente, a Justiça aprovará a candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, preso há quatro meses na carceragem da Superintendência da Polícia Federal, em Curitiba, condenado, em 2ª instância no processo que trata da propriedade do apartamento triplex, localizado no Guarujá, litoral de São Paulo.
Diante disso, coordenadores da campanha petista estão atentos a pesquisas qualitativas internas encomendadas ou realizadas por consultorias financeiras sobre os cenários possíveis para esta eleição.
De acordo com coordenadores da campanha de Lula, pesquisas internas apontam que o poder do Lula transferir votos é muito grande quando não se indica na questão o nome do candidato de fato. Este percentual, de acordo com dirigentes do partido, varia de 70% a 90% dependendo das região do país, quando não se indica o nome.
Já quando se pergunta se o eleitor votaria em determinado candidato se Lula o indicasse, este percentual cai muito. Fica em torno de 40%. Este foi o percentual obtido quando o partido testou o nome do ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad, que assumiu a vaga de vice na chapa, mas que, no momento considerado mais propício, substituirá Lula na chapa.
Esta queda justifica a decisão do partido de não anunciar a chapa definitiva nesta fase da corrida eleitoral. O momento certo, para a campanha, será quando Haddad se tornar mais conhecido fora dos limites de São Paulo, principalmente no Nordeste, e quando a “injustiça” em relação a Lula tiver produzido efeito de indignação suficiente para transferir ao segundo lugar na chapa.
Apesar da enorme queda do poder de Lula transferir votos quando o nome do substituto é citado, petistas avaliam que conseguiriam, nesta fase da corrida eleitoral, colocar o candidato no segundo turno das eleições. Um dos dirigentes apontou que a grande dúvida agora é em relação ao candidato do outro campo que estaria na disputa: o tucano Geraldo Alckmin ou o candidato do PSL, Jair Bolsonaro.
Efeito
O percentual de 40% de transferência para Haddad identificado pelo PT produz efeito semelhante ao que se observou na última pesquisa XP/Isesp, realizada logo após o anúncio do ex-prefeito na chapa. A consulta o apontou no segundo turno, mas em segundo lugar, perdendo para Bolsonaro.
A pesquisa, divulgada na semana passada, apontou que, quando o nome de Haddad aparecia como candidato, apoiado pelo ex-presidente Lula, alcançava 13%.
Bolsonaro registrou 21%. Marina Silva (Rede) apareceu com 10% e Geraldo Alckmin (9%), Ciro Gomes (7%), Álvaro Dias (5%) e Henrique Meirelles (2%). Sem ser apresentado como o candidato de Lula, Haddad obteve 3%.