O diretor-geral da Polícia Federal (PF), Andrei Rodrigues, afirmou nesta terça-feira (18/11), em Brasília, que as investigações federais não confirmam a conexão entre facções brasileiras e grupos considerados terroristas por alguns países.
“Nas investigações, de maneira concreta, eu não vejo esse cenário”, explicou Andrei Rodrigues. Ele destacou que não basta apenas uma citação para que a PF afirme categoricamente uma relação entre crime organizado e terrorismo.
A declaração foi dada durante a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Senado que apura a atuação do crime organizado no Brasil.
Pressão geopolítica e a Tríplice Fronteira
A questão foi levantada pelo senador Hamilton Mourão (Republicanos-RS), vice-presidente da CPI, que mencionou a suposta presença de organizações internacionais consideradas terroristas na região da Tríplice Fronteira (Brasil, Paraguai e Argentina).
O chefe da PF complementou que, mesmo quando são aprofundadas, as investigações mostram que o cenário de cooperação entre facções locais e grupos internacionais de terror “não se confirma”.
Andrei Rodrigues ainda ressaltou que a suposta conexão entre os grupos “é, muitas vezes, usado até como fator de pressão geopolítica, na qual nós não vamos entrar”.
Especialistas em relações internacionais têm alertado que o discurso de “combate ao terrorismo” ou “narcoterrorismo” é, em certos casos, uma estratégia geopolítica de interferência de países, como os Estados Unidos.
Hezbollah na mira dos EUA
Apesar da negativa da PF sobre a conexão com facções brasileiras, a Tríplice Fronteira é monitorada por nações estrangeiras.
Em maio deste ano, o governo dos Estados Unidos (EUA) chegou a oferecer uma recompensa de US$ 10 milhões. O valor seria destinado a informações que levassem à interrupção de mecanismos financeiros do Hezbollah na região fronteiriça.
O Departamento de Estado dos EUA acusa o Hezbollah de atuar no local por meio de tráfico de drogas, contrabando e outros crimes.
Em agosto, o Paraguai informou que abrigará um escritório do FBI, a agência de investigação dos EUA, para auxiliar no combate ao grupo. O Paraguai mantém relações próximas com os governos dos EUA e de Israel.
É importante notar que, embora seja considerado terrorista por Washington e seus aliados (Reino Unido, Israel e Alemanha), o Hezbollah — uma organização político-militar do Líbano — não é classificado dessa forma pelas Nações Unidas (ONU).











































