Dois estados bolivianos que fazem fronteira com Rondônia são rotas estratégicas para o narcotráfico internacional. Investigações apontam forte presença de organizações criminosas nessas áreas, demandando ação urgente dos governos e o estabelecimento de alerta máximo.

O uruguaio Sebastián Marset, que ganhou notoriedade ao comprar um time de futebol e jogar como zagueiro, e Yasser Andrés Vásquez Cardona, conhecido como “Coco Vásquez”, são atualmente dois dos narcotraficantes mais procurados da Bolívia e da América do Sul. Vásquez disputa o controle do narcotráfico no Beni, estado vizinho a Rondônia, tendo Marset como seu principal rival. A disputa entre ambos é marcada pela eliminação de supostos traidores.
Marset, cuja fama e comportamento egocêntrico chamaram a atenção da polícia boliviana, que iniciou uma intensa busca por seu paradeiro no país andino. Em outubro, Sebastián Marset voltou a ser destaque na imprensa internacional, com a sua localização sendo tema central dos noticiários, após o ministro do Interior do Paraguai, Enrique Riera, declarar que ele não se localizava em território paraguaio, mas sim permanecia em algum lugar da Bolívia, onde passou a ser alvo da justiça local em 2023.

A posse de Rodrigo Paz Pereira (PDC) na presidência da Bolívia coincide com uma forte operação do governo de La Paz contra os narcotraficantes Marset e Coco Vásquez. A captura de ambos é agora uma prioridade, visto que são procurados pelas polícias de toda a América Latina, dos EUA e da Europa. Uma investigação conjunta, envolvendo vários países, incluindo o Brasil, revelou que as redes criminosas chefiadas por Marset e Vásquez se expandiram por uma extensa faixa dos estados bolivianos de Beni e Santa Cruz, justamente regiões com maior foco de tráfico de drogas nas áreas de fronteira com Rondônia.
A preocupação central é a união entre narcotraficantes e o Primeiro Comando da Capital (PCC), que busca expandir suas operações nas áreas de fronteira. Uma pesquisa divulgada pelo jornal online El Deber indica que aproximadamente 150 membros da facção já atuam em, no mínimo, 67% da Amazônia Ocidental boliviana. Esses indivíduos operam principalmente nas fronteiras com o Brasil e o Paraguai, trabalhando para Sebastián Marset e Coco Vásquez. De acordo com a pesquisa, essa rota é crucial para o tráfico de drogas com destino à Europa e à África.
O levantamento, realizado pela Força Especial de Lucha Contra o Narcotráfico (FELCN), Força Especial de Lucha Contra o Crime (FELCC), Direção de Inteligência e Interpol Bolívia, e divulgado pelo jornal, mapeia as áreas de maior risco e que estão em vermelho, equipamentos nas regiões de fronteira com o Brasil e o Paraguai, e no município de Villa Tunari, no departamento de Cochabamba, conforme apontam as investigações.

Um relatório obtido pelo jornal revela que o Primeiro Comando da Capital (PCC) intensificou sua atuação na Bolívia, alcançando cerca de 150 membros, mesmo após a captura e expulsão de um de seus líderes em maio. O documento aponta também para a expansão das operações da facção criminosa para a região amazônica boliviana, abrangendo 67% de seus municípios. A área, que corresponde a 43% do território nacional, engloba 88 municípios distribuídos pelos departamentos de Pando, Beni, Cochabamba, Santa Cruz e La Paz. No Beni, estado que faz divisa com Rondônia em uma extensão de quase dois mil quilômetros, observa-se uma concentração significativa de operações conjuntas entre o PCC e seus aliados locais. As informações contidas nos documentos foram compartilhadas em reuniões bilaterais entre o Ministério do Governo boliviano e autoridades da Polícia Federal do Brasil e da Interpol, realizadas em julho e setembro deste ano.
Em junho, o EL Deber já havia divulgado os resultados de outro relatório, emitido pelo Ministério Público do Brasil, que identificou pelo menos 146 membros do PCC na Bolívia, incluindo detentos e foragidos residentes em diferentes regiões. Um segundo relatório, corroborando parte desses dados, foi entregue em outubro ao então ministro do Governo, Roberto Ríos. O documento recomendava a adoção de medidas de emergência “antes da escalada de violência” provocadas por grupos liderados pelo uruguaio Sebastián Marset e pelo boliviano Yasser Andrés Vásquez Cardona, conhecido como ‘Coco Vásquez’.









































