A população das favelas do Complexo do Alemão e do Complexo da Penha, na zona norte do Rio de Janeiro, sofre consequências graves devido a operações policiais e à presença de facções criminosas, como o Comando Vermelho. A Operação Contenção, realizada em 28 de outubro, deixou pelo menos 121 mortos e gerou pânico, fechamento de comércio, escolas e postos de saúde, além de interdições em vias e rotas de transporte público.
O professor José Claudio Sousa Alves, da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), descreve a situação como uma “bomba invisível”, com impactos diretos na saúde dos moradores, incluindo diabetes, hipertensão, distúrbios emocionais e mentais, insônia e acidentes vasculares cerebrais.
Impactos na saúde e na vida social
- Moradores expostos a tiroteios têm risco duas vezes maior de desenvolver depressão e ansiedade;
- 73% relatam quadros de insônia e 42% sofrem de hipertensão arterial;
- Durante confrontos, um terço da população apresenta sudorese, tremores e falta de ar;
- Operações violentas não afetam a estrutura do Comando Vermelho, mas traumatizam permanentemente famílias e comunidades;
- Moradores relatam que áreas mais ricas não sofrem o mesmo nível de intervenção, evidenciando discriminação e vulnerabilidade social.
Comando Vermelho e criminalidade
O Comando Vermelho, segunda maior organização criminosa do país, controla atualmente 51,9% dos territórios sob domínio criminoso na região metropolitana do Rio de Janeiro. A facção se expandiu em 8,4% entre 2022 e 2023, enquanto as milícias perderam espaço (19,3%). A organização transformou o território em fonte de receita, explorando serviços, comércio e infraestrutura, além do tráfico de drogas, que representa apenas 10% a 15% de seu faturamento.
Alternativas ao confronto
Pesquisadores como José Claudio Sousa Alves e Carolina Grillo, da Universidade Federal Fluminense, defendem que operações policiais violentas não são a solução mais efetiva. Estratégias que desarticulam braços financeiros do crime e oferecem oportunidades para jovens têm maior impacto e menor custo social, prevenindo a entrada de moradores no crime organizado.
Projetos de inclusão, como o Pronasci Juventude, visam capacitar jovens em educação e mercado de trabalho, oferecendo alternativas ao tráfico e à criminalidade estruturada.
Segundo Carolina Grillo: “Não há propostas governamentais efetivas para essa população vulnerável, que permanece sem salário e sem acesso a oportunidades, fortalecendo o ciclo de violência.”









































