Três postos de combustíveis licenciados para uso da marca oficial do Corinthians, localizados na Zona Leste de São Paulo, estão ligados a alvos da Operação Carbono Oculto — considerada a maior já deflagrada contra o Primeiro Comando da Capital (PCC) em agosto.
A investigação aponta que mais de 251 postos em quatro estados estão ligados a 16 alvos da operação, que apura crimes de organização criminosa, lavagem de capitais, fraudes tributárias e estelionato em operações que superam a cifra de R$ 8,4 bilhões.
Os três postos licenciados pelo clube são:
- Auto Posto Mega Líder Ltda / Auto Posto Timão Ltda (Avenida Líder, 2000)
- Auto Posto Mega Líder 2 Sociedade Unipessoal Ltda (Avenida São Miguel, 6337)
- Auto Posto Rivelino Ltda (Avenida Padre Estanislau de Campos, 151)
Suspeitos e Suas Ligações com a Rede de Postos
O levantamento na Agência Nacional do Petróleo (ANP) e na Receita Federal revelou que os postos estão ligados a três indivíduos investigados na operação:
- Pedro Furtado Gouveia Neto: Apontado como peça relevante na administração de dezenas de postos ligados à rede de Mohamad Hussein Mourad, chefe do esquema do PCC. Ele aparece associado ao Posto Rivelino.
- Himad Abdallah Mourad: Primo de Mohamad, é descrito como um dos expoentes da organização, responsável por blindagem patrimonial e lavagem de capitais. Ele participa do quadro societário de 103 postos de combustíveis ligados ao núcleo familiar de Mohamad e aparece na autorização da ANP do Posto Rivelino.
- Luiz Ernesto Franco Monegatto: Citado pela Justiça como sócio em empresas de combustíveis e em transações imobiliárias ligadas à lavagem de capitais pelo grupo de Mohamad. Ele está associado aos postos Mega Líder e Mega Líder 2.
A Justiça aponta que Mohamad Hussein Mourad é a figura central do esquema do PCC.
O Que Diz o Corinthians e Ex-Presidente
O Corinthians não é citado na Operação Carbono Oculto. O clube se manifestou, afirmando que não administra diretamente os postos.
“O Sport Club Corinthians Paulista informa que não é o administrador responsável pelos postos de gasolina citados pela reportagem. Nesses casos o Clube esclarece que trata-se de um contrato de licenciamento de sua marca.”
O clube disse ainda que acompanha “com máxima atenção o andamento das investigações” para, se necessário, tomar as medidas jurídicas cabíveis em relação aos contratos. A sublicença para o uso da marca é válida até novembro de 2025.
O ex-presidente do Corinthians, Duilio Monteiro Alves, afirmou que o contrato de licenciamento existia antes de sua gestão, mas reconheceu ter assinado aditivos contratuais que autorizaram a operação das primeiras unidades. Ele destacou que os contratos possuem cláusula de responsabilização que “assegura ao clube ser ressarcido por qualquer eventual dano causado à instituição e à sua imagem.”
Outras Investigações e Irregularidade na ANP
Além da questão dos postos licenciados, o Ministério Público de São Paulo (MP-SP) investiga a possível infiltração do PCC em antigas administrações do clube, incluindo o aluguel de imóveis usados por jogadores de um suposto membro da facção.
A ANP identificou uma irregularidade em um dos postos, onde a razão social cadastrada na Receita Federal (Auto Posto Mega Líder Ltda) difere da autorização de funcionamento na agência (Auto Posto Timão Ltda). A ANP informou que notificará a empresa para atualização cadastral, sob risco de abertura de processo administrativo e revogação da autorização.