Manifestantes bloquearam a BR 230, no estado do Amazonas, após a morte de José Airton Teodoro dos Santos, de 50 anos, um morador de Rondônia. O protesto, realizado na manhã de quarta-feira (17), foi encerrado com a chegada de uma equipe da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), que foi cobrada sobre a ação dos indígenas apontados como autores do crime.
De acordo com relatos de um morador de Humaitá (AM), o povo indígena Pirahã, suspeito de cometer o homicídio, é conhecido por reagir com violência a pessoas que se aproximam de suas terras.
Os Pirahã, que se autodenominam Híaitíihi (“os retos”), vivem nas margens dos rios Maici e Marmelos, próximos ao município de Humaitá (AM). Eles são um dos poucos povos caçadores-coletores que sobrevivem na região e são conhecidos por sua cultura única e sua língua, considerada uma das mais difíceis do mundo.
A língua pirarrã possui a menor quantidade de fonemas do planeta, com apenas três vogais (a, i, o) e seis consoantes (g, h, s, t, p, b). Ela não possui tempos verbais, referindo-se a tudo no presente. Além disso, a cultura Pirahã não tem sistema numérico, não diferencia cores (apenas claro e escuro) e não acredita em deuses ou mitologias. A comunicação entre eles pode ser feita por meio de gritos, assobios e até enquanto comem, devido à sua natureza tonal.
Um dos principais pesquisadores do povo Pirahã é o linguista estadunidense Daniel Everett. Ele viveu com a etnia entre as décadas de 1970 e 1980 com a missão de traduzir a Bíblia para o idioma deles. Contudo, Everett ficou tão impactado com a cultura e a estrutura linguística do povo, que o levou a questionar suas crenças e se tornar ateu. O linguista documentou sua experiência em livros como Don’t sleep, there are snakes (Não durma, pois há cobras), em que relata a noite em que os Pirahã tentaram matá-lo.