A Operação Carbono Oculto, que investiga um esquema do Primeiro Comando da Capital, revela que a organização criminosa utilizou fundos de investimento e fintechs para lavar dinheiro, movimentando R$ 52 bilhões e fraudando mais de 2,5 mil postos de combustíveis em São Paulo.
Uma megaoperação, batizada de Carbono Oculto, expôs a atuação bilionária do Primeiro Comando da Capital (PCC) no setor de combustíveis e no mercado financeiro. Segundo os investigadores, o esquema da facção envolveu um sistema complexo de lavagem de dinheiro, movimentando cerca de R$ 52 bilhões em transações não rastreáveis entre 2020 e 2024. O grupo utilizava fintechs e fundos de investimento com sede na Avenida Faria Lima, coração financeiro de São Paulo.
O esquema bilionário do PCC era sustentado por diversas frentes de atuação criminosa. Uma delas era a importação ilegal de metanol, uma substância tóxica e inflamável, utilizada para adulterar combustíveis em postos de gasolina. O Ministério Público estima que 30% dos postos em São Paulo, cerca de 2.500 estabelecimentos, foram atingidos pela fraude.
Números impressionantes do esquema
A Operação Carbono Oculto revelou números alarmantes sobre a dimensão do esquema:
R$ 52 bilhões: valor movimentado em transações por meio de fintechs entre 2020 e 2024.
R$ 7,6 bilhões: valor sonegado em impostos federais, estaduais e municipais.
R$ 30 bilhões: patrimônio estimado do PCC, distribuído em pelo menos 40 fundos de investimento.
2.500 postos: número estimado de estabelecimentos em São Paulo atingidos pela fraude.
90%: concentração de metanol encontrada em alguns postos, superando o limite de 0,5% permitido pela ANP.
O dinheiro ilícito financiou a compra de diversos ativos, incluindo um terminal portuário, quatro usinas de álcool e mais de 100 imóveis, como fazendas e uma residência de R$ 13 milhões em Trancoso, na Bahia. A operação expediu 14 mandados de prisão preventiva e autuou estabelecimentos ligados ao esquema em R$ 891 milhões.