Uma megaoperação da Polícia Federal, Receita e Ministério Público revelou que postos de combustíveis ligados ao crime organizado adulteravam gasolina e etanol com altas concentrações de metanol. De acordo com o promotor Yuri Fisberg, do Ministério Público de São Paulo, a investigação descobriu que alguns postos utilizavam até 90% da substância nos combustíveis, enquanto a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) permite um máximo de 0,5%.
O esquema, comandado pelo Primeiro Comando da Capital (PCC), envolve a importação ilegal de metanol, que chega ao país pelo Porto de Paranaguá, no Paraná, mas é desviado antes de chegar a seu destino oficial. O produto, altamente tóxico e inflamável, era transportado de forma clandestina e utilizado para adulterar os combustíveis, gerando lucros bilionários à facção.
Riscos e impacto no mercado
O promotor alertou que a alta concentração de metanol é um risco para consumidores, veículos e o meio ambiente. Além do perigo da substância, os consumidores pagavam por volumes inferiores ao que era mostrado nas bombas.
Segundo a investigação, o esquema criminoso tem um grande impacto no mercado de combustíveis, com cerca de 30% dos postos de gasolina do estado de São Paulo, o equivalente a 2.500 estabelecimentos, sendo abastecidos com o produto adulterado.
O dinheiro obtido com a fraude foi usado para comprar usinas sucroalcooleiras e outros negócios, expandindo a atuação do PCC no setor. Os criminosos obrigavam fazendeiros e empresários a vender suas propriedades por valores abaixo do mercado, sob ameaça de morte. A organização utilizava uma complexa rede de laranjas e empresas de fachada para lavar o dinheiro e ocultar a identidade dos verdadeiros beneficiários.