Um esquema bilionário de lavagem de dinheiro no setor de combustíveis, ligado ao Primeiro Comando da Capital (PCC), era comandado por Mohamad H., conhecido como “primo”, e Roberto A., o “Beto Louco”. A megaoperação, que ocorreu em oito estados nesta quinta-feira (28), desarticulou uma complexa rede criminosa.
Segundo as investigações, a facção atuava em toda a cadeia de produção de combustíveis e de açúcar e álcool, incluindo usinas, distribuidoras, transportadoras e redes de postos de combustíveis.
Os líderes do esquema
Mohamad é apontado como o “epicentro” e o principal chefe da organização. Ele utilizava empresas em todo o setor para cometer fraudes fiscais massivas e lavar dinheiro. Em seu perfil profissional em redes sociais, Mohamad se apresentava como empresário e investidor. As investigações indicam que ele comprou as empresas Copape e Aster em 2020 para usá-las como instrumento para as fraudes.
Roberto, o “Beto Louco”, é considerado co-líder da organização. Ele era responsável pela gestão operacional das empresas, que foram usadas para práticas de fraudes fiscais, falsificação de documentos e lavagem de capitais.
O modus operandi do crime
O esquema era dividido entre a gestão operacional e a gestão financeira, com o uso de fundos de investimento e empresas de participação para ocultar a origem e o destino dos recursos ilícitos. A fraude envolvia a sonegação de impostos e a adulteração de combustíveis, com a importação irregular de metanol, que é misturado à gasolina e ao diesel.
As investigações mostraram que o grupo “inflava” artificialmente os preços entre as empresas para sonegar impostos e obter créditos tributários indevidos. A Receita Federal identificou pelo menos 40 fundos de investimento com patrimônio de R$ 30 bilhões controlados pelo PCC, com operações financeiras na Avenida Faria Lima, em São Paulo. Proprietários de postos de gasolina que venderam seus estabelecimentos para a rede criminosa não receberam os valores da transação e foram ameaçados de morte.
O impacto bilionário da fraude
A megaoperação, que envolve cerca de 1.400 agentes, busca desarticular o esquema que sonegou mais de R$ 7,6 bilhões em impostos federais, estaduais e municipais. As fraudes, que lesaram não apenas os cofres públicos, mas também os consumidores, foram identificadas em mais de 300 postos de combustíveis.
Mais de 350 pessoas e empresas são investigadas por crimes contra a ordem econômica, adulteração de combustíveis, crimes ambientais, lavagem de dinheiro, fraude fiscal e estelionato. A ação é coordenada pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público de São Paulo.