Um relatório da Polícia Federal (PF) indica que o ex-presidente Jair Bolsonaro teve acesso antecipado ao conteúdo da defesa do general Mário Fernandes. Ambos são réus no processo sobre a suposta trama golpista. O militar está preso desde novembro do ano passado e, segundo as medidas cautelares, ele e os demais réus não podem manter contato ou trocar informações entre si.
A suspeita surgiu após a apreensão do celular de Bolsonaro durante as investigações. A PF encontrou no aparelho um documento idêntico ao que foi protocolado pela defesa do general no Supremo Tribunal Federal (STF). Segundo a investigação, o arquivo foi criado no celular de Bolsonaro cerca de uma hora antes de ser entregue à Corte.
Vínculo e acusações
A PF avalia que a troca de informações entre os investigados demonstra a continuidade da estrutura hierárquica e do vínculo entre eles, mesmo após as medidas cautelares terem sido impostas. Durante o governo Bolsonaro, o general Mário Fernandes foi secretário-executivo da Secretaria-Geral da Presidência e é acusado de ter elaborado um documento intitulado “Punhal Verde e Amarelo”, que conteria um plano para sequestrar ou assassinar o ministro Alexandre de Moraes, o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva e o vice-presidente, Geraldo Alckmin.
O general, em depoimento, negou a intenção de executar o plano, classificando o arquivo como um “pensamento digitalizado”. A defesa de Bolsonaro, por sua vez, se disse surpresa com o indiciamento e afirmou que vai prestar os esclarecimentos necessários ao ministro Moraes.