A reportagem acaba de entrevistar o padrasto do rapaz de 23 anos cujo corpo foi encontrado dentro igarapé Pires de Sá, na área urbana de Vilhena na tarde desta quinta-feira, 20. O reconhecimento foi feito por um policial militar, que manteve contato com a mãe dele, uma empregada doméstica de 38 anos.
Segundo o padrasto de Marcos E., que tinha o apelido de “Cabeça de Machado”, ele já havia sobrevivido a outras duas tentativas de assassinato três anos atrás, também em Vilhena.
Segundo o entrevistado, o primeiro “livramento” de Marcos aconteceu quando ele foi atingido por 7 disparos de pistola calibre .380 no bairro Cidade Verde. Dois homens em uma motocicleta o abordaram e dispararam mais de 10 vezes em sua direção.
Em decorrência destes tiros, “Cabeça” passou cerca de quatro meses sem conseguir andar, já que uma das balas, diz o familiar, ficou alojada em sua medula. “Por isso que ele era todo torto para caminhar”, revela o padrasto
Meses depois, o jovem sofreu outro ataque a tiros, desta vez no Setor 17. O número de balas que o atingiu foi menor, mas o estrago, bem mais grave: ele teve pulmão e intestino perfurados pelos três disparos, e precisou retirar o baço.
Marcos saiu da casa da mãe na avenida 1º de Maio, na região central de Vilhena, no dia 12 deste mês, e desde então não dava mais notícias. Dois dias após o desaparecimento, a família registrou queixa na Polícia Civil e depois passou a tentar localizá-lo.
Machado foi aluno da Guarda-Mirim, mas logo após deixar a instituição, “caiu nas drogas”, segundo o padrasto, ao confirmar que a dependência química dele teve início já na adolescência. Além disso, o jovem também tomava remédios controlados para tentar combater a esquizofrenia, um dos últimos e mais graves estágios dos problemas psiquiátricos.
Internado durante dois anos em uma clínica na cidade mato-grossense de Pontes e Lacerda, o paciente voltou usar drogas poucas horas após retornar para Vilhena, deixando claro que o longo tratamento não havia surtido efeito.
Por causa do transtorno mental que enfrentava, e que o fazia passar vários dias sem dormir, Marcos vivia pelas ruas, e só vinha em casa para se alimentar e tomar algum medicamento para o sono. “Nem banho ele conseguia tomar. A mãe o alimentava e vestia. Mas era só se recuperar que ele voltava para as ruas”, conta o padrasto.
A família não faz ideia de quem matou Marcos, cujo corpo apresentava marcas no abdome que pareciam perfurações de faca. “Provavelmente foi jogado no rio mais de uma semana atrás, tanto que sua pele estava clara, embora fosse bem moreno”, argumenta o entrevistado.
Sobre a autoria do assassinato, a suspeita é que uma facção criminosa esteja por trás do ataque letal. O próprio Machado, quando se recuperou do primeiro ataque a bala, fez pesquisas e confirmou que as cinco pessoas que haviam participado da emboscada contra ele pertenciam a uma facção e haviam sido presas na época. Aparentemente, a execução do jovem tem a ver com drogas, embora somente as investigações possam confirmar essa suspeita.
Embora a mãe do rapaz esteja em estado de choque, ela não fez o reconhecimento do corpo, retirado das águas pela Funerária Dom Bosco. Todo o relato feito por este site se baseia na afirmação do policial que conversou com a família, e em outras evidências.