O G1, Arisson contou que Davi marcou encontro com ele em terreno baldio, deu três pauladas na cabeça da vítima e roubou a roupa para não ser identificado.
Arisson Sá Pedroso, 24 anos, indiciado pela morte de Davi Amaral, de 18 anos, disse à imprensa que cometeu o crime motivado por raiva, partiu para a agressão sem falar nada e não deu chances de defesa à vítima. O caso aconteceu na madrugada do dia 14 de fevereiro, em Santarém, no oeste do Pará.
"Ele conversou comigo, disse que estava a fim de mim. Mas eu disse que não estava disposto a curtir pessoas assim".
De acordo com o indiciado, Davi teria paquerado ele enquanto estavam no bar, no bairro Livramento. Disse que foi Davi quem o chamou à mesa para conversarem, depois falou que ia embora e marcou um encontro no terreno baldio onde o jovem foi encontrado desacordado.
“Ele estava me esperando naquele local, eu usei aquele pedaço de madeira e dei duas pancadas na cabeça dele. Tirei a roupa dele porque eu não queria me mostrar lá naquele local, queria esconder a minha imagem. Eu peguei a roupa para usar”, declarou Arisson.
Conforme Arisson, depois de ter espancado com intuito de “só de machucar”, Davi ficou desacordado e sangrando no chão, enquanto ele foi embora levando bermuda, boné e o celular da vítima. Disse que se escondeu na casa de uns amigos e que usou a roupa e o boné de Davi para preservar sua imagem, uma vez que ele tinha sido visto com roupas diferentes no bar.

O indiciado disse ainda que não conhecia o advogado que estava com Davi sentado à mesa, e que aquela foi a primeira vez que viu o jovem Davi. Por fim, Arisson falou que lamenta o ocorrido e garantiu que praticou sozinho o crime. “Me arrependo muito do que fiz. Agora é pagar pelos meus atos que eu cometi”, declarou.
Diligências
Segundo o titular da Delegacia de Homicídios, delegado Dmitri Teles, com a confissão de Arisson, diligências serão realizadas pela polícia com base nas informações colhidas até agora, para tentar recuperar os objetos levados da vítima.
“Como nós já tínhamos bastante elementos, o que ele falou veio corroborar os elementos que nós já tínhamos e isso é suficiente para as investigações. Diligências serão feitas para recuperar objetos, tentar resgatar outros elementos de prova de forma a esclarecer completamente o crime e encaminhar para a justiça”, disse Dmitri.
O delegado informou que o IML já encaminhou o laudo do exame de lesão corporal e na sequência da morte foram feitos exame necroscópico e sexológico. O médico avalia toda a vítima e qualquer indício é descrito no laudo, para subsidiar as investigações.
“O inquérito já está praticamente concluído. Na verdade agora a gente precisa sentar, relacionar as provas e fazer o relatório”, declarou Dmitri.
Arisson será encaminhado para Central de Triagem do Centro de Recuperação Agrícola Silvio Hall de Moura, onde cumprirá o mandado de prisão temporária, depois vai pedir a conversão da prisão em preventiva.
Acompanhamento do caso
As investigações e o inquérito do caso estão sendo acompanhados de perto pelo advogado da família de Davi Amaral, André Fonseca. Ele disse que em nenhum momento a família descartou a possibilidade do crime ter tido motivação homofóbica.
"A imprensa foi crucial em levar informações que ajudaram tanto a polícia, tanto quanto a investigação particular. Nunca descartamos a possibilidade de crime homofóbico. Veiculou-se muito nas redes sociais e na própria imprensa que homofobia não é crime. Sabemos que não é crime, mas é motivação de muitos crimes movidos pelo ódio, que foi o caso do Davi. É importante que a nossa sociedade aqui em Santarém, que às vezes chega a naturalizar esse tipo de agressão, que tenha informações e esclarecimento, porque as coisas não podem continuar assim", pontuou André Fonseca.










































