Na tradicional e originária fronteira do humano, o imaginário privilegiado dos povos ribeirinhos, adquire uma fascinante e divinizada celebração estetizante da exaltação dos sentidos em toda a sua dimensão social.
Mas diante do avanço desenfreado do capital em ascensão, esse cenário, outrora, possuidor de uma desmesurada substância ontológica do ser, no espaço e tempo vai se transformando na obliteração do espaço vivido e na desterritorialização e morte de suas populações.
Nesse belicoso e árduo processo de embate e enfrentamento nas relações do homem com a terra em suas questões agrárias, a hegemonia do poder econômico, sobressai, geralmente, com a taça na mão, diante da fragilidade, vulnerabilidade e esmaecimento do lado oposto.
Vencido, hostilizado e desterrado, o lar entra em descalabro humano. Sobre os corpos esfacelados do marido e filhos, a mulher resiste, ela é valente. No cortejo fúnebre e extenuante, a coletividade órfã e sob visível comoção, adentra no caminho tenebroso do território das cruzes.
Na estrada lúgubre de um cenário nefasto, e sob a comiserada dor do lamento, todos os membros da coletividade caminhavam erguendo um pedaço de pano preto como bandeira e como sinal de sentimento e respeito ao aniquilamento deplorável e injusto de um lar onde restara apenas uma mulher, mergulhada no pranto do rio de lágrimas.
Silenciada diante da afronta infame do delituoso ato praticado por um réprobo, a órfã mulher, recolhe todos os retalhos de tecido preto e leva para casa. De posse dos retalhos, ela confeccionou o seu lacrimoso e eterno vestido de luto.








































