Zezé Di Camargo resolveu subir no palco da política como quem acha que o microfone é território sem eco. Virou crítico contumaz do presidente Lula, atacou a presença do petista no SBT e se apresentou como uma espécie de fiscal moral da nação. Tudo isso enquanto, fora dos holofotes ideológicos, recebia quase R$ 20 milhões em dinheiro público ao longo de 2025, pagos por prefeituras Brasil afora para shows bancados com recursos municipais, muitos deles irrigados por repasses federais.
O levantamento, publicado pelo Metrópoles, mostra que os cachês variaram entre R$ 350 mil e R$ 600 mil por apresentação, somando aproximadamente R$ 19,6 milhões. Nada ilegal. Tudo dentro da regra. O problema aqui não é jurídico. É moral, político e discursivo.
Porque criticar o governo enquanto se beneficia do dinheiro público exige, no mínimo, coerência. Mas coerência nunca foi exatamente o forte desse novo Zezé, o artista que trocou o romantismo sertanejo pelo discurso de guerra cultural.
E se alguém ainda tinha dúvida de que o cantor anda sem freio, basta lembrar do episódio vergonhoso envolvendo a família de Silvio Santos. Em um comentário absolutamente infeliz e inaceitável, Zezé insinuou que as filhas do apresentador teriam se “prostituído” profissionalmente dentro do SBT. A fala caiu como uma bomba.
A reação foi imediata, dura e pública. Diante da repercussão negativa, Zezé foi obrigado a recuar. Pediu desculpas, reconheceu o exagero e tentou remendar o estrago, aquele clássico pedido de desculpas que não nasce do arrependimento, mas da pressão.
Curioso como funciona:
Para atacar, Zezé é firme, valente e inflamado.
Para se explicar, vira manso, reflexivo e arrependido.
O mesmo vale para a política. Critica o Estado, mas aceita o cachê. Ataca a esquerda, mas não devolve um centavo. Fala em “liberdade”, mas se incomoda quando o contraditório aparece. É a velha lógica do “fala grosso, recebe fino”.
No Brasil de 2025, artistas não são mais apenas artistas. São influenciadores, cabos eleitorais informais e produtores de narrativa. E quando escolhem esse caminho, precisam entender que o palco vira tribunal.
Zezé não está sendo cancelado, está sendo questionado! E isso, convenhamos, é o mínimo que se espera de alguém que canta para multidões, opina sobre política e recebe milhões do dinheiro do contribuinte.
Pensamento do dia: Não existe discurso “antissistema” pago em 12 parcelas pelo próprio sistema.










































