A entrevista do programa Em Cima da Hora, do News Rondônia, conectou Porto Velho a Vilhena para tratar de um tema que mexe diretamente com a vida de quem mora no Cone Sul: gestão pública com foco em resultado, especialmente na saúde. O prefeito Flori Cordeiro apresentou um panorama do que considera ter sido a virada mais relevante do município, menos baseada em obras pontuais, mais centrada em organização, disciplina administrativa e rapidez na entrega de serviços.
Logo no início, Flori relembrou sua trajetória profissional em Rondônia, com passagem pela Polícia Federal em Porto Velho e em unidades do interior. A experiência, segundo ele, ajudou a compreender os desafios do estado e a leitura prática de como o poder público pode funcionar melhor quando tem planejamento, controle de gastos e metas claras.
Saúde como eixo de gestão
Ao ser questionado sobre o Hospital Regional de Vilhena, Flori reforçou que, além de reformas e melhorias pontuais, o que realmente muda o jogo é o modelo de gestão. Ele citou a adoção de um formato de organização social, com instituição privada sem fins lucrativos atuando em conjunto com o SUS, como alternativa para dar mais agilidade à administração e reduzir gargalos que historicamente travam a rede.
A entrevista destacou um dado que o prefeito usou como vitrine do impacto dessa reorganização: Vilhena teria saído da 27ª posição no ranking de atenção básica no estado e alcançado o 2º lugar, chegando ao topo entre as cidades maiores de Rondônia no mesmo recorte. A fala foi acompanhada de um argumento que se repetiu durante todo o programa: em vez de apenas anunciar o que foi pintado ou reformado, é preciso explicar como a máquina pública foi organizada para sustentar melhorias.
UBSs, postos e foco na atenção básica
Flori também chamou atenção para uma distorção antiga: embora a atenção básica seja atribuição municipal, muitas prefeituras acabam sendo empurradas para financiar demandas de média e alta complexidade, o que drena orçamento e energia daquilo que resolve boa parte dos problemas. No caso de Vilhena, ele afirmou que o hospital regional atende um entorno amplo, incluindo cidades de Rondônia e até municípios do Mato Grosso, pressionando os cofres municipais.
Com a nova estrutura, disse ter sido possível “liberar” a gestão para focar onde o município tem obrigação direta. O prefeito afirmou que, em pouco menos de três anos, a cidade conseguiu reformar e ampliar todas as unidades básicas e recompor equipes multiprofissionais conforme parâmetros do Ministério da Saúde.
Transporte, pacientes e mobilidade
Outro ponto que gerou destaque foi o transporte. Flori apresentou duas frentes: a implantação do que chamou de primeiro sistema de transporte coletivo “de verdade” em Rondônia, com gratuidade e frota circulando ao longo do dia, e a reorganização das viagens para tratamento de saúde fora do município.
Segundo ele, antes eram realizadas cerca de 200 viagens, com estrutura mais limitada. Agora, as viagens teriam sido reduzidas e concentradas em um ônibus estruturado para transporte de pacientes, com conforto superior ao padrão comum desse serviço. O prefeito mencionou parceria política para aquisição do veículo e reforçou que a meta é garantir dignidade a quem precisa ir até Porto Velho.
Equilíbrio fiscal e disciplina administrativa
No bloco sobre equilíbrio fiscal, Flori foi direto ao descrever a dificuldade de administrar uma cidade com arrecadação forte, mas com histórico de instabilidade e troca constante de gestores. Ele relatou que a austeridade costuma gerar desgaste no começo, porém defendeu que disciplina e corte de excessos criam base para investimento e entrega.
Entre os exemplos, citou redução de número de comissionados em relação ao teto permitido, mais acompanhamento do gasto cotidiano e a ideia de que prefeito precisa ser “presente” para evitar desperdícios pequenos que, somados, viram uma conta grande.
Iluminação, limpeza e ações de rotina
Na parte de serviços urbanos, o prefeito afirmou que Vilhena estava majoritariamente sob iluminação de sódio e que a cidade caminha para completar 100% em LED, o que reduz custo e permite reinvestimento.
Sobre limpeza, mencionou um programa em que pessoas privadas de liberdade trabalham em ações urbanas, com estrutura de acompanhamento e custeio municipal, e comentou que entraves burocráticos podem dificultar a operação. Ainda assim, disse que a combinação entre programa, equipes da prefeitura e organização do serviço ajudou a elevar o padrão de cuidado em áreas atendidas com regularidade.
Trânsito, fiscalização e concurso
Quando o tema virou trânsito, Flori explicou que o crescimento rápido de Vilhena elevou a frota a um patamar alto para o tamanho do município, o que exige fiscalização e educação permanente. Na entrevista, ele confirmou preparação de concurso para agentes de trânsito, com vagas previstas e estrutura já sendo organizada, incluindo veículos e equipamentos para atuação.
A mensagem central foi que a fiscalização deve atacar os focos mais problemáticos, citando que uma parcela menor de condutores costuma concentrar grande parte das ocorrências, e que medidas impopulares podem ser necessárias para reduzir acidentes e desordem.
Agricultura, equipamentos e metas para 2026
No final do programa, Flori falou sobre fortalecimento da agricultura, citando milhares de pequenos produtores cadastrados e afirmando que houve uma entrega expressiva de equipamentos e veículos para o setor, além de planos ligados à cadeia do leite. Para 2026, projetou um ciclo de investimentos mais forte, argumentando que 2025 teria sido o período de “colocar a casa em ordem” e reconstruir o básico, para então avançar com obras e expansão de políticas públicas.
A entrevista encerrou com convite para conhecer Vilhena, destacando crescimento populacional recente, ambiente de negócios e medidas de incentivo, como redução tributária em alguns tipos de investimento, incluindo construção dentro de programas habitacionais.




































