O governo brasileiro manifestou atenção e preocupação com a reforma tarifária aprovada pelo Congresso do México, que prevê a aplicação de tarifas de até 50% sobre importações de nações sem acordo de livre-comércio com o país. A medida, aprovada na quinta-feira, 11 de dezembro de 2025, estabelece alíquotas entre 5% e 50% sobre cerca de 1,5 mil produtos de 17 setores estratégicos, incluindo vestuário, plástico, siderurgia e eletrodomésticos, além de automóveis e autopeças.
Em nota conjunta divulgada nesta sexta-feira, 12 de dezembro, o Ministério das Relações Exteriores (Itamaraty) e o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) informaram que aguardam a publicação do texto final da lei. A partir disso, será possível avaliar os impactos reais sobre as exportações brasileiras. Além do Brasil, países como China, Índia, Coreia do Sul, Rússia e África do Sul serão afetados. As novas tarifas devem entrar em vigor a partir de 1º de janeiro.
Setor automotivo e diálogo bilateral
De acordo com o governo brasileiro, o setor automotivo tende a sofrer pouco impacto, uma vez que Brasil e México mantêm um acordo setorial de livre-comércio. Contudo, a preocupação se mantém, pois a elevação tarifária pode reduzir as preferências bilaterais existentes em outros segmentos e afetar negativamente o comércio e os investimentos entre os dois países.
“O Brasil tem mantido contato com autoridades mexicanas para tratar dos possíveis efeitos das mudanças tarifárias”, afirma a nota conjunta. O governo defende que decisões unilaterais com impacto comercial sejam analisadas à luz do compromisso com a previsibilidade, segurança jurídica e o aprofundamento da integração produtiva. A Confederação Nacional da Indústria (CNI) estima que até 15% das exportações brasileiras ao México podem ser afetadas.
Contexto da aprovação
A aprovação do projeto no Senado mexicano ocorreu em caráter de urgência, com 76 votos a favor. O momento é sensível para o México, pois ocorre às vésperas da revisão do acordo de livre-comércio com Estados Unidos e Canadá, prevista para 2026. O presidente norte-americano, Donald Trump, tem pressionado o governo mexicano, acusando o país de ser uma rota para produtos chineses entrarem nos Estados Unidos.
A presidente do México, Claudia Sheinbaum, apoia a iniciativa e deve sancionar a lei nos próximos dias. O Brasil é um parceiro comercial relevante, ocupando o sexto lugar entre os principais mercados de janeiro a novembro de 2025, com cerca de US$ 7 milhões exportados no período.











































