Praticamente dois em cada três habitantes de favelas no Brasil, o equivalente a 64,6% do total, vivem em vias públicas sem ao menos uma árvore. Os dados, coletados durante o Censo 2022, foram divulgados nesta sexta-feira, 5 de dezembro, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A informação está no suplemento Favelas e comunidades urbanas: características urbanísticas do entorno dos domicílios.
O levantamento revela uma forte desigualdade territorial no país. Nas áreas que ficam fora das comunidades, a proporção de moradores em ruas sem árvores cai significativamente, atingindo 31% dos habitantes.
Desigualdade na Arborização
No ano em que o Brasil sediou a COP30, o Censo ressalta a importância da restauração ambiental. A análise do IBGE considerou árvores de, no mínimo, 1,70 metro em vias públicas. A vegetação em quintais e áreas privadas não entrou na contagem.
Em novembro do ano passado, o IBGE já havia informado que 16,4 milhões de pessoas viviam em 12.348 favelas no país. Agora, a pesquisa mostra que 10,4 milhões dessas pessoas estão em trechos de vias sem a presença de uma árvore sequer.
Filipe Borsani, chefe do Setor de Pesquisas Territoriais do IBGE, ressaltou a importância da arborização para a qualidade de vida. Segundo ele, a vegetação contribui para o conforto térmico e para a melhoria das condições do ambiente urbano, o que se torna crucial em um contexto de aquecimento global.
Diferenças por Região e Tamanho da Comunidade
A situação da arborização é crítica até mesmo em cidades que sediaram eventos climáticos importantes. Em Belém, onde ocorreu a COP30 em novembro, 65,2% dos moradores de favelas não tinham árvores nas vias. A marca é superior à média nacional de 64,6%.
A pesquisa também identificou que quanto menor a comunidade, maior é a proporção de moradores com árvores. Nas favelas com até 250 habitantes, 45,9% moravam perto de árvore. O percentual cai para apenas 31,8% nas comunidades com mais de 10 mil habitantes.
Entre as 20 maiores favelas do país, Rio das Pedras, no Rio de Janeiro, apresenta a pior situação. Apenas 3,5% dos seus quase 56 mil moradores tinham árvore em frente de casa. Na ponta oposta, Sol Nascente, em Brasília, tinha 70,7% dos moradores com acesso à arborização.
Outros Indicadores de Infraestrutura
O IBGE também pesquisou a presença de bueiros, que são elementos de infraestrutura importantes para o escoamento de água da chuva. A presença de bueiros é crucial para a mitigação de efeitos das mudanças climáticas.
A pesquisa identificou que 45,4% dos habitantes das favelas tinham bueiro no trecho da via em que moram. Fora das comunidades, a parcela sobe para 61,8%. A presença de bueiros é mais frequente em favelas mais populosas.












































