O conhecimento ancestral das mulheres Karitiana sobre a flora amazônica será destaque no cenário acadêmico internacional. O artigo “Mulheres Karitiana e Saberes da Floresta” foi aprovado para apresentação no XXVII Encontro Internacional sobre Gestão Empresarial e Meio Ambiente (ENGEMA), que será realizado de 1º a 5 de dezembro de 2025, na FEA/USP, em São Paulo.
O estudo foi elaborado pelas coautoras Izabel Cristina da Silva, Rosângela Arend, Luciana Aparecida Barbieri, Nazian Holanda de Souza e Silvânia Gregório Carlos. O trabalho discute o papel social central das mulheres na guarda, transmissão e uso dos saberes etnobotânicos e o potencial do turismo de experiência no território Karitiana.

Protagonismo feminino e preservação dos saberes
A pesquisa ressalta que as mulheres Karitiana assumem uma posição de protagonismo na manutenção da saúde tradicional e na preservação dos biomas. Segundo o estudo, elas têm um papel mais expressivo que o dos homens na guarda e uso de plantas medicinais, sendo dotadas de profundo conhecimento sobre a flora amazônica.
No Brasil, estima-se que existam cerca de 55 mil espécies vegetais com potencial farmacoterapêutico. Entre os Karitiana, o uso dessas plantas é parte de uma cosmologia que integra natureza, espiritualidade e sobrevivência. O artigo aponta que este conhecimento, transmitido entre gerações, é um patrimônio vivo e estratégico para o avanço da ciência.

A Profa. Dra. Luciana Aparecida Barbieri da Rosa, Líder do ENGEMA/ USP e (FATEC – Jaboticabal), e coautora do artigo, enfatizou a importância do trabalho: “Destacar o papel das mulheres pelas ervas medicinais e seus saberes pela língua materna, é proteger a riqueza e a identidade dos Povos Karitiana”.
Alinhamento com a Agenda 2030
O estudo dialoga diretamente com as metas da Agenda 2030 da ONU, especialmente aquelas que buscam o fortalecimento do protagonismo feminino, a valorização dos conhecimentos tradicionais e a promoção da sustentabilidade.
A coautora Izabel Cristina da Silva, mestranda do Instituto Federal de Rondônia (IFRO) e membro fundadora do GEITEC/UNIR, destacou que a pesquisa é uma oportunidade histórica: “Nosso trabalho abre caminho para novos cientistas, valoriza a ancestralidade e coloca os saberes indígenas no centro das discussões sobre ciência, saúde e sustentabilidade”.
A aceitação do artigo no ENGEMA, que nesta edição tem como tema “O caos global e os desafios da inovação para a sustentabilidade”, consolida-se como um marco que amplia a ponte entre tradição, ciência e desenvolvimento sustentável, valorizando a sabedoria originária dos Povos Karitiana.










































