As peças perdidas de Bach foram apresentadas publicamente pela primeira vez em mais de três séculos, dentro da Igreja de St. Thomas, em Leipzig, na Alemanha — local onde Johann Sebastian Bach está enterrado e onde atuou como organista e diretor musical.
As duas obras, atribuídas ao compositor ainda em sua juventude, ficaram guardadas por mais de 300 anos sem que se soubesse a autoria real. A identificação recente dos manuscritos colocou fim a décadas de investigação de especialistas em música barroca.
A apresentação foi considerada histórica por músicos, pesquisadores e admiradores da obra de Bach ao redor do mundo.
Quais são as peças perdidas de Bach
As peças perdidas de Bach apresentadas pela primeira vez foram identificadas como:
Ambas foram oficialmente adicionadas ao catálogo de obras de Bach e executadas no mesmo espaço onde o compositor trabalhou durante parte fundamental de sua carreira.
Os manuscritos estavam preservados na Royal Library of Belgium, desde 1992, quando foram encontrados sem identificação clara de autoria ou data. Essa falta de informações adiou, por décadas, a confirmação definitiva de que se tratavam de peças perdidas de Bach.
Como as peças perdidas de Bach foram autenticadas
O processo de autenticação das peças perdidas de Bach durou mais de 30 anos e foi liderado por Peter Wollny, diretor do Bach Archive, em Leipzig.
Ao longo do tempo, foram reunidos cerca de 20 indícios que conectavam os manuscritos ao jovem Bach. A maior dificuldade era identificar o copista, já que a caligrafia era diferente dos escribas mais conhecidos do período.
A grande descoberta ocorreu quando o pesquisador Bernd Koska encontrou uma carta de 1729, escrita por Salomon Günther John, organista que afirmava ter sido aluno de Bach em Arnstadt. A escrita era muito semelhante à dos manuscritos.
Um segundo documento, também assinado por John, confirmou a relação. Assim, os estudiosos concluíram que ele teria copiado as peças por volta de 1705, sob orientação direta de Bach.
O valor musical das chaconnes
As peças perdidas de Bach seguem a forma musical chamada chaconne, baseada em variações sobre uma linha de baixo repetitiva.
Especialistas apontam que as obras mostram um estilo ainda em formação, mas já com marcas claras da genialidade de Bach. Entre as características observadas está o uso de fuga, recurso que se tornaria uma das assinaturas do compositor.
Para Peter Wollny, as peças são “individuais” e “complexas”, refletindo a inventividade do jovem Bach.
A pianista canadense Angela Hewitt, referência mundial na interpretação da obra do compositor, afirmou que as chaconnes possuem “imaginação e grandeza”, e devem passar a integrar com mais frequência o repertório de intérpretes especializados em música barroca.
Repercussão internacional
A estreia pública das peças perdidas de Bach teve grande repercussão no mundo da música clássica.
O ministro da Cultura da Alemanha, Wolfram Weimer, classificou a descoberta como um “grande momento para a música”, destacando o caráter quase mágico da pesquisa musicológica.
Já o organista holandês Ton Koopman, responsável por tocar as obras pela primeira vez, afirmou que espera ver as composições incluídas em programas de concerto ao redor do planeta.











































