A 2ª Marcha Nacional das Mulheres Negras, realizada nessa quinta-feira (25 de Novembro), transformou a Esplanada dos Ministérios, em Brasília, em um grande palco de reivindicações. A organização estimou a presença de cerca de 500 mil participantes, que marcharam sob o lema “Mulheres Negras Decidem”.
Cláudia Vieira, do Comitê Nacional da Marcha, destacou a importância do ato para a sociedade e para o Estado brasileiro. “Temos pressa, temos urgência! Nós, mulheres negras, não merecemos ficar o tempo inteiro no final da fila e sermos tratadas como segmento que pode esperar”, afirmou. O movimento ressalta que é “dever e direito olhar para a população negra”.
A ministra da Igualdade Racial (MIR), Anielle Franco, e as deputadas federais Talíria Petrone e Benedita da Silva (a primeira mulher negra a ser deputada federal e senadora no Brasil) estiveram presentes. Anielle Franco classificou a presença do ministério como uma ponte entre o movimento e o Estado, reforçando o compromisso com a luta por reparação e bem-viver.
Do luto à luta por dignidade
A marcha carregou uma forte simbologia de luto à luta, especialmente com a presença de familiares de vítimas da violência. Anielle Franco lembrou de sua irmã, Marielle Franco, vereadora assassinada em 2000. O Instituto Marielle Franco marcou presença, e Luyara Franco, filha de Marielle, reafirmou que “não há democracia sem mulheres negras”.
A advogada Marinete Silva, mãe de Anielle e Marielle, ressaltou que marchar é dizer ao Brasil que este segmento não aceita mais ser silenciado, reivindicando o direito de viver sem medo e ter sua voz reconhecida.
O evento também deu visibilidade à dor de mães de vítimas da violência, como Daniela Augusto, do Movimento Mães de Maio na Baixada Santista. Ela denunciou que o Estado brasileiro é o primeiro violador, e que a herança da escravização resulta na perseguição e eliminação de corpos negros.
Reivindicações por território e visibilidade
Entre as bandeiras levantadas, estava a indicação de uma mulher negra para a vaga de ministra do Supremo Tribunal Federal (STF). Além disso, o movimento reforçou a necessidade de mais políticas públicas e a ocupação de espaços de poder, como destacou a deputada Erika Kokay.
Mulheres quilombolas se manifestaram ativamente, pedindo o reconhecimento e a valorização de suas comunidades como guardiãs do território e da biodiversidade. Aparecida Mendes, do território quilombola Conceição das Crioulas, em Pernambuco, cobrou do Estado que a dívida com o povo quilombola seja levada em consideração, afirmando que a comunidade luta por direitos territoriais e combate ao racismo estrutural.
O encerramento da marcha reafirmou a união de mulheres afro-brasileiras, afro-latinas e afro-caribenhas na luta por uma vida sem violência e pela igualdade plena de direitos e oportunidades.











































