O programa Giro News recebeu o professor Adriano Dantas, diretor do Instituto Federal de Rondônia (IFRO) campus Ariquemes, para uma conversa franca sobre educação, juventude, pesquisa e futuro do trabalho. Entre relatos emocionados, exemplos práticos e críticas construtivas, o gestor reforçou que a educação é o principal caminho para transformar realidades, especialmente em um estado com potencial agrícola e tecnológico como Rondônia.
Logo no início, Adriano se apresentou como “apaixonado por empreendedorismo, negócios e educação”. Professor desde 2004, ele ingressou no IFRO em 2014 e, desde então, tem atuado na sala de aula e na gestão, sempre com um olhar voltado para oportunidades para os jovens. Atualmente, leciona disciplinas de empreendedorismo e inovação em cursos como Análise e Desenvolvimento de Sistemas, Agronomia, Informática, Alimentos e Ciências Biológicas, formando estudantes para o mercado e para a criação dos próprios negócios.
Segundo ele, o IFRO se diferencia por atuar desde o ensino médio até a pós-graduação, unindo formação técnica, científica e humana. “Quando a educação evolui, até o papo do boteco muda”, citou, lembrando que uma cidade com graduação e pesquisa ganha em qualidade de vida, saúde, política e cidadania, porque as pessoas passam a entender melhor seus direitos e responsabilidades.
Um dos pontos fortes destacados pelo professor é o desempenho dos alunos em competições de tecnologia e ciência. Ele citou Olimpíadas de Programação ligadas à USP, copas de robótica e projetos premiados nacionalmente, que colocam Rondônia em posição de destaque no cenário educacional. Esses resultados, afirma, “contaminam positivamente” outros jovens, despertando o interesse pelo IFRO e pela carreira científica e tecnológica.
Ao falar do perfil dos estudantes, Adriano destacou que hoje são os próprios jovens que procuram o IFRO, muitas vezes motivados pelos exemplos de colegas que venceram Olimpíadas, participaram de hackathons ou conquistaram vagas no mercado de trabalho. Ele reforçou que o campus Ariquemes reúne cursos que dialogam diretamente com a vocação regional, como Agronomia, Medicina Veterinária, Licenciatura em Biologia, cursos técnicos em Alimentos, Informática e Agropecuária, além de áreas voltadas à tecnologia da informação.
Entre os projetos de maior impacto social, o professor citou o “Repara – Recuperação de Pastagens”, que atende pequenos produtores rurais na região com recuperação de áreas degradadas e consultorias técnicas. Outro destaque é a iniciativa que vai capacitar professores da rede municipal no uso de inteligência artificial na educação, com um curso específico que, ao final, entregará notebooks aos participantes. Todos esses projetos, lembrou, são viabilizados por emendas parlamentares e pela articulação com deputados estaduais, federais e vereadores.
Uma conquista que ganhou espaço na entrevista foi o transporte gratuito para estudantes da zona rural que frequentam o campus Ariquemes. Segundo Adriano, antes da mudança, houve casos de alunos que só conseguiam ir às aulas em alguns dias da semana, escolhendo as datas em que tinham dinheiro para pagar o transporte, o que gerava faltas e reprovações. Com esforço da reitoria, de associações de pais e da bancada estadual, o transporte passou a ser custeado com recursos públicos, permitindo que mais jovens permaneçam na escola e concluam seus cursos com dignidade.
O professor também falou dos desafios contemporâneos da educação. Para ele, manter o foco dos estudantes em sala de aula é uma tarefa cada vez mais difícil em um mundo dominado por telas, redes sociais e excesso de informação. Ao mesmo tempo em que a tecnologia abre portas, ela também disputa a atenção dos jovens. Outro ponto que o preocupa é o avanço do cigarro eletrônico entre adolescentes, tema que, na visão dele, exige campanhas amplas de conscientização, alinhando escolas, famílias e políticas públicas de saúde.
Em nível nacional, Adriano apontou o orçamento como um dos maiores gargalos da educação, especialmente no ensino básico. Ele defendeu que o Brasil precisa investir mais nas séries iniciais, onde os professores lidam com as primeiras etapas da formação cidadã, mas ainda recebem salários muito inferiores aos do ensino superior. Na visão do diretor, equilibrar essa balança é essencial para melhorar a qualidade da educação a médio e longo prazo.
O amor pela docência foi um dos momentos mais marcantes da entrevista. Comparando a profissão de professor ao “martelo do Thor”, Adriano afirmou que só consegue permanecer na sala de aula quem é digno e apaixonado pelo que faz. Para ele, a verdadeira realização do docente está nas vitórias dos alunos: quando eles ganham prêmios, publicam artigos, conseguem emprego, passam em concursos ou voltam ao IFRO como professores, a sensação é de missão cumprida.
Sobre o futuro, o diretor revelou planos ambiciosos para o campus Ariquemes. Entre as metas, estão a criação de vitrines tecnológicas abertas ao produtor rural, uma grande feira dentro do campus, a construção de residência estudantil feminina, nuevos laboratórios e uma clínica médico-veterinária para atendimento à comunidade. A ideia é transformar o IFRO em um polo ainda mais integrado à sociedade, recebendo famílias, produtores, empresas e estudantes em um mesmo ambiente de troca de conhecimento.
Antes de encerrar, Adriano deixou mensagens de gratidão aos alunos, à equipe técnica e docente do IFRO e à família, que ele define como sua base emocional. Com orgulho, falou dos filhos, um cursando Engenharia de Software no Ceará e outro se preparando para Medicina, ambos exemplos da transformação que a educação proporciona. Em tom de esperança, reforçou a expectativa de que 2026 seja um ano de mais crescimento, mais orçamento para a educação e mais oportunidades para os jovens rondonienses.
A entrevista no Giro News, transmitida pelo News Rondônia, reforçou, em cada resposta, a defesa de um ponto central: a educação não é gasto, é investimento. E, no caso do IFRO, cada laboratório montado, cada ônibus garantido, cada projeto no campo e cada jovem bem formado representam um passo concreto rumo a um futuro melhor para Rondônia e para o Brasil.










































