Mesmo maltratada, elas resistem ao falseamento burlesco da humanidade sob os efeitos repugnantes do desregramento grotesco e ignóbil que muitas vezes de forma horrenda, hostiliza o sentimento de onde emerge os valores da exuberância cósmica da vida. Sobre esse ontológico emergir o escritor Paes Loureiro nos ensina com a sua inefável poética entrelaçada ao filósofo Gaston Bachelard:
“É das águas que se emerge. Mesmo o ser é das águas placentárias que
evém à vida. Bachelardianamente, pode-se dizer que o rio é o lugar onde a
água é água por excelência. O rio é de água. O rio está vestido com a pele
das águas, mas também a sua carne e sua alma são de água. Seu corpo é
de água”.
O divinal poder transcendental da água transforma o olhar e o ser do homem. Ela invade a alma e aloja-se na sua essência para mostrar ao mundo que somente ela é capaz de oferecer à natureza a desmesurada imagem da celebração virtuosa da paisagem que generosamente nos aprecia com o seu brioso encantamento da vida. Para o geógrafo Eric Dardel:
“A paisagem é a geografia compreendida como o que está em torno do
homem, como ambiente terrestre. Muito mais que uma justaposição de
detalhes pitorescos, a paisagem é um conjunto, uma convergência, um
momento vivido, uma ligação interna, uma “impressão”, que une todos os
elementos”.
A mata amazônica jamais prejudicou a ação humana em suas ações insensatas. As dificuldades da natureza não são obstáculos criados para matar a ganância ambiciosa da consciência desumana. Nós não somos um mundo fechado e muito menos isolado dos filhos da floresta, mas sim, uma ventilação que nos inspira vida e liberdade. Deixemos aqui o pensamento para reflexão do escritor francês Paul Vidal de la Blache:
“Dissemos que a selva tropical tinha prejudicado a ação humana. Entretanto,
entre as dificuldades que ela lhe opõe, uma das mais graves, que é a de
circular, pode ser superada ao longo dos grandes rios que cortam essas
regiões. O Congo, o Amazonas e seus principais afluentes mantiveram,
através da espessura desse mundo fechado e fracionado, correntes de
ventilação e de vida”.











































