A ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, expressou sua expectativa de que as demandas e a luta das participantes da Marcha das Mulheres Negras sejam ouvidas pelo país. A manifestação está marcada para esta terça-feira (25) em Brasília.
Em um evento com ativistas na véspera da marcha, a ministra se emocionou ao relembrar a trajetória de sua irmã, a vereadora Marielle Franco, assassinada em março de 2018.
“Há 10 anos, eu me lembro da minha mãe e da minha irmã, comentando, se aprontando [para a marcha]. Hoje eu fico pensando onde ela estaria. Certamente estaria na marcha conosco hoje”, disse Anielle Franco em entrevista à Agência Brasil.
Luta por direitos e memória
A ministra defendeu que a marcha se tornou um símbolo de coletividade e luta para as mulheres negras do Brasil, contando inclusive com a presença de representações estrangeiras. “A nossa expectativa é que, de fato, as pessoas nos escutem, escutem o nosso amor, o nosso apelo e a nossa luta”, afirmou.
Anielle Franco ressaltou que o ato é uma forma de honrar a memória de lideranças que perderam a vida na luta, citando Marielle Franco e a líder quilombola Mãe Bernadette, assassinada em agosto de 2023.
Entre as reivindicações prioritárias da marcha, a ministra destacou:
Segurança Pública: Anielle recordou as mortes ocorridas durante a Operação Contenção no Rio de Janeiro, expressando solidariedade às mães da periferia.
Temas Sociais: Educação, saúde, cultura e lazer.
Racismo ambiental e oportunidades
A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, que também participou do evento organizado pelo movimento “Mulheres Negras Decidem”, afirmou que o “racismo ambiental” deve ser um dos temas de reflexão da marcha.
Marina Silva explicou que o racismo ambiental é o conceito que descreve como comunidades mais vulneráveis, como as negras e indígenas, sofrem de forma desproporcional o impacto das mudanças climáticas, por estarem em locais com piores condições de infraestrutura.
Além disso, Marina Silva defendeu que as mulheres negras devem ter direito a empreender e a ocupar espaços de liderança nos setores público e privado.
Opressão no ambiente de trabalho
A opressão no campo profissional é uma realidade para muitas participantes, como a operadora de telemarketing Pamella de Jesus, de 32 anos, que viajou de São Paulo para Brasília.
Pamella de Jesus, que também atua como sindicalista, conta que cerca de 90% das trabalhadoras de telemarketing em São Paulo são negras, muitas delas “mães solo” como ela. Ela relata que as mulheres negras são mais vulneráveis a assédios moral e sexual, além de enfrentar longas jornadas e metas inalcançáveis.
Apesar da luta diária, a sindicalista garantiu que a reivindicação é necessária. Pamella citou como uma conquista recente para a categoria a extensão da licença-maternidade para 180 dias.









































