Belém encerrou a COP30 do seu jeito mais autêntico: com cheiro de tacacá no ar, açaí com farinha na beira do rio e conversa cruzando becos como quem troca receita de maniçoba. Foram dias de chuva, calor, protesto, promessa e selfie, tudo misturado no mesmo prato, igual vatapá, caruru e pato no tucupi dividindo a mesma cuia.
E aí, a COP foi boa?
Resposta: Não, que não!
Quer dizer… foi, mas não foi.
A COP que deu certo
Foi boa porque a Amazônia, finalmente, virou protagonista e não quintal de exportação.
Foi boa porque o Brasil mostrou que dá pra falar de meio ambiente sem esconder o microfone atrás de lobby de petróleo.
Foi boa porque Belém provou que sabe receber o planeta inteiro mesmo com um calor que derrete até discurso europeu.
E foi boa porque o povo paraense deu aula de acolhimento, a ponto de o tacacá virar quase pauta diplomática.
A COP que ainda vai precisar de reza braba
Começou com gente reclamando do preço dos lanches nas áreas Blue Zone e Green Zone. O cenário era clássico: perguntavam o valor da coxinha, a atendente respondia em inglês “twenty-five reais” e o paraense, no seu melhor bilinguismo nativo, devolvia: “go ahead and rob me!”
Mas não ficou só nisso.
Teve falação demais e ação de menos.
Teve incêndio na Blue Zone.
Teve promessa de meta que não sai do papel.
Teve político tirando foto com planta pra postar dizendo que é sustentável.
Enquanto isso, a floresta continua pedindo socorro, e o ribeirinho segue navegando entre discurso e realidade.
A COP terminou, mas os compromissos ficaram lá, pendurados como roupa em varal de beira de rio: balançando, esperando o vento da boa vontade.
O balanço final
A COP foi “que não”, mas foi “que sim”.
Foi boa, foi bonita e foi simbólica.
Belém brilhou, o mundo aplaudiu e a Amazônia gritou — ainda que poucos tenham escutado de verdade.
Agora é torcer pro eco não se perder entre o açaí gelado e as promessas feitas no ar-condicionado dos gabinetes.
Pensamento do dia
“Político que promete salvar o planeta, mas não cuida nem da calçada da própria rua é tipo tucupi frio: arde no começo, mas no fim não serve pra nada.”












































