Instalada na Praça da República, em Belém, a Black Zone reúne mulheres negras de várias regiões para diálogos e atividades paralelas à COP30. O espaço também marca a preparação para a nova edição da Marcha das Mulheres Negras, marcada para a próxima terça-feira (25).
O ambiente homenageia a belenense Raimunda Nilma Bentes, a Dona Nilma, artista, escritora e idealizadora da primeira marcha realizada em 2015. Ela relembra que a proposta surgiu em 2011, durante um encontro na Bahia, e ganhou força como mobilização nacional.
Em 2015, cerca de 70 mil mulheres marcharam até a Praça dos Três Poderes, em Brasília, sob o tema “contra o racismo e a violência pelo bem viver”. Para Dona Nilma, a dimensão do ato mostrou a demanda reprimida de mulheres negras por participação e voz política.
Dez anos depois
A coordenadora de projetos do Cedenpa, Maria Malcher, afirma que a nova marcha mantém pautas semelhantes, com destaque para reparação, combate ao racismo, xenofobia e violência, além da defesa do bem viver como projeto político e territorial.
No aspecto geral, o bem viver envolve temas como transição energética justa, crítica ao consumismo e defesa de uma economia subordinada à preservação ambiental. No âmbito local, inclui condições de trabalho, reconhecimento do cuidado, representação política e valorização dos territórios.
Segundo Dona Nilma, o debate climático é urgente para mulheres negras, que enfrentam os efeitos da desigualdade socioeconômica e ambiental de forma mais intensa.
Comitê Nacional
Para ampliar a incidência nas decisões climáticas, foi criado o Comitê Nacional das Mulheres Negras por Justiça Climática, oficializado em 10 de novembro. O grupo reúne 36 organizações do movimento negro e prepara um manifesto que será entregue aos Três Poderes durante a marcha.
A programação inclui mais de 50 atividades, como diálogos globais, encontros regionais, assembleia da Rede Afrolatinoamericana e Caribenha, debates LGBTQAPN+ e reuniões de juventudes.
Além do documento principal da marcha, serão apresentados um manifesto econômico, estudos em parceria com instituições negras e o manifesto do Levante Negro pela Educação, voltado a um PNE antirracista.
Cartilha
Para orientar mobilização e formação, uma cartilha organizada pela comunicadora Flávia Ribeiro reúne a história da marcha, a atuação das organizações do Pará e as principais proposições de reparação e justiça social.




































