O número de trabalhadores sindicalizados no Brasil interrompeu uma trajetória de queda que durava mais de dez anos, ganhando 812 mil pessoas em 2024. Com o acréscimo, o país registrou 9,1 milhões de pessoas associadas a sindicatos, um avanço de 9,8% em relação a 2023. O contingente representa 8,9% dos 101,3 milhões de trabalhadores ocupados.
A constatação está em uma edição especial da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua, divulgada nesta quarta-feira (19) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
A queda no número de filiados havia se acentuado a partir de 2017. O analista da pesquisa, William Kratochwill, aponta a forte correlação entre a aprovação da reforma trabalhista, que acabou com a contribuição sindical obrigatória, e a diminuição do percentual de sindicalizados.
Recuperação e Perfil do Filiado
Sobre o aumento registrado de 2023 para 2024, Kratochwill sugere uma recuperação na percepção dos trabalhadores sobre a importância da organização.
“O número de sindicalizados chegou a um valor muito baixo e, talvez, as pessoas estejam começando a verificar novamente a necessidade de se organizar, lutar pelos direitos dos trabalhadores, e isso se dá muito por meio do sindicato”, afirma o pesquisador.
Ao detalhar o saldo positivo de 812 mil novos filiados, o IBGE percebeu que oito em cada dez estavam na faixa etária a partir de 30 anos. O grupo de 40 a 49 anos responde por 32% dos trabalhadores que se filiaram no ano passado. Isso indica que a maior parte do crescimento pode ser reflexo do retorno de pessoas que já foram sindicalizadas.
A renovação dos quadros ainda é baixa: a taxa de sindicalização na faixa de 14 a 19 anos é de apenas 1,6%, e no grupo de 20 a 29 anos, de 5,1%.
Setores e Tipo de Contrato
A maior taxa de filiação se concentra no setor público. Os empregados do setor público têm uma taxa de sindicalização de 18,9%, mais que o dobro da média nacional. Em seguida, aparecem os empregados com carteira assinada (11,2%).
Observando por grupamento de atividade, o setor de Administração pública, defesa, seguridade social, educação, saúde humana e serviços sociais lidera com 15,5% de associados. Já a taxa entre os trabalhadores por conta própria é de apenas 5,1%, e entre os sem carteira assinada, 3,8%.










































