A Cristologia, ramo da Teologia que estuda a pessoa e a missão de Jesus Cristo, vem sendo desafiada por profundas transformações culturais, sociais e espirituais. Um estudo produzido por acadêmicos da Faculdade Católica de Rondônia – FCR, integrantes do Curso de Teologia, 4º período, oferece uma análise ampla sobre como a fé cristã é confrontada pela realidade hipermoderna. O trabalho foi elaborado pelos discentes Erivone Justino, Regiane Ugarte, Fátima Cristina, João Victor, Carlos Oliveira e Marcos Roberto, sob orientação do docente Diácono Domingos Sena.
Trabalho de Cristologia N2
Segundo o grupo, um dos principais desafios contemporâneos é o individualismo consumista, fenômeno que redefine a identidade humana a partir do ter, da aparência e da satisfação imediata. Essa lógica contrasta diretamente com a antropologia cristã, segundo a qual a dignidade humana se fundamenta em Cristo, não nas posses. Para os autores, a figura de Jesus pobre e servidor surge como contraponto essencial à cultura do excesso.
Outro ponto abordado é o secularismo moderno, que deslocou a religião para o âmbito privado. No entanto, vivemos hoje um movimento pós-secular, no qual razão e fé voltam a dialogar. A pesquisa destaca que esse cenário exige da Igreja um testemunho comprometido com a humanização, evitando que Cristo seja instrumentalizado politicamente.
O trabalho também analisa o avanço do sincretismo religioso e das espiritualidades New Age, fortemente marcadas pela subjetividade e pela busca de experiências individuais de transcendência. As redes digitais contribuem para a formação de uma “religiosidade conectada”, onde o sagrado pode ser experimentado por meio de símbolos, conteúdos e comunidades virtuais. Para os discentes, o desafio da Cristologia é reafirmar Cristo como mediador real entre Deus e a humanidade, sem desprezar o diálogo com essas novas formas de busca espiritual.
O fundamentalismo religioso aparece como outra reação ao mundo incerto e fragmentado. Interpretações rígidas das Escrituras, tanto no ambiente católico quanto protestante, podem gerar fechamento ao diálogo e à diversidade. A resposta, segundo os autores, deve ser uma fé madura, enraizada no Evangelho e aberta à ação do Espírito na história.
A pesquisa também menciona a crise de credibilidade da Igreja, abalada por escândalos, incoerências e abusos. Para os estudantes, a renovação eclesial exige transparência, sinodalidade e compromisso real com os pobres, reafirmando a Igreja como sacramento de salvação e sinal do amor de Deus no mundo.
Outro desafio discutido é a questão do sofrimento humano. A clássica pergunta sobre por que Deus permite a dor ainda repercute. A perspectiva cristã, afirmam os autores, não é teórica, mas encarnada na própria cruz de Cristo, onde Deus assume a dor humana e a transforma em caminho de redenção e esperança.
Ao final, os discentes da FCR concluem que a Cristologia precisa ser encarnada, misericordiosa e profética. Encarnada, para partir das realidades concretas das pessoas. Misericordiosa, para refletir o Cristo que acolhe e cura. Profética, para denunciar injustiças e iluminar caminhos de transformação.
Num mundo de consumismo, ceticismo e novas espiritualidades, o estudo lembra que Cristo permanece como o Caminho, a Verdade e a Vida, oferecendo sentido e humanidade a uma sociedade carente de direção.










































