A casa, como um marcador fabricado, é mencionada por Isabel Henriques, da Universidade de Coimbra, em Portugal, como espaço de habitação dos homens. Esse espaço de habitação é, segundo ela, também o lugar dos produtores, que possuem a obrigação de assegurar a constituição, a conservação e a distribuição das reservas em seus territórios.
A autora expõe que “tais escolhas levaram sempre à elaboração de complexas redes de circulação, os caminhos construídos pelos homens, que não podem deixar de integrar esta categoria dos marcadores fabricados que sinalizam os territórios”.
Para o escritor francês Gaston Bachelard, contra tudo e contra todos, a casa nos ajuda a dizer: serei um habitante do mundo, apesar do mundo. Nos seringais amazônicos, é na colocação que o seringueiro constrói sua casa de morada, o tapiri (barraca de palha), com paredes e assoalho de paxiúba (Socratea exorrhiza), uma espécie de palmeira da região que, depois de derrubada, é cortada ao meio e batida, tornando-se de grande utilidade na construção de sua moradia. Próximo a essa moradia, o seringueiro constrói também um pequeno tapiri, uma barraca de palha sem a necessidade de utilizar a paxiúba, visto que é aberta e de chão batido.
Toda grande imagem simples revela um estado de alma. A casa, mais ainda que a paisagem, é um estado de alma. Mesmo reproduzida em seu aspecto exterior, ela fala de uma intimidade. Nessa comunhão dinâmica entre o homem e a casa, nessa rivalidade entre a casa e o universo, estamos longe de qualquer referência às simples formas geométricas. Segundo Bachelard, “na casa que a imaginação converteu no próprio centro de um ciclone, é preciso superar as meras impressões de conforto que sentimos em qualquer abrigo. É preciso participar do drama cósmico enfrentado pela casa que luta”.











































