Belém (PA) – O primeiro grande teste da COP30 não veio das negociações climáticas, nem dos discursos dos líderes mundiais. Veio direto do céu. Uma chuva torrencial caiu sobre Belém e transformou o Centro de Mídia da conferência num verdadeiro cenário de “adaptação forçada”.
Enquanto autoridades falavam sobre “resiliência urbana” e “infraestrutura verde”, o teto do espaço destinado à imprensa internacional resolveu dar o seu próprio comunicado: começou a pingar. Em minutos, câmeras foram erguidas, fios recolhidos e jornalistas correram para proteger seus equipamentos, tudo sob um concerto improvisado de trovões e goteiras.
A natureza não lê protocolo
A tempestade não foi apenas um contratempo climático, mas um lembrete irônico daquilo que a própria COP30 discute: a vulnerabilidade das cidades diante dos extremos do tempo. Belém, símbolo da Amazônia, mostrou ao mundo que ainda está longe da tão prometida “resiliência”.

Nos bastidores, o comentário é unânime: o temporal serviu como um recado direto da natureza. Um “choque de realidade” que nenhuma nota oficial conseguiria evitar. Como diria um morador ribeirinho: “Não adianta plantar árvore se o forro ainda pinga.”
Um banho de diplomacia
Entre uma enxurrada e outra, repórteres e delegados se molharam juntos — num gesto involuntário de fraternidade tropical. O mundo inteiro observando o debate sobre o aquecimento global, enquanto Belém oferecia um banho coletivo.
Um jornalista europeu, ensopado e bem-humorado, resumiu a cena: “Se essa é a capital da floresta, o planeta está mesmo nos mandando um recado molhado.”
A conta que ninguém quer pagar
Mais do que um episódio climático, o incidente levanta uma questão incômoda: quanto custou preparar a estrutura da COP30 e quem será responsabilizado por um teto que não resistiu à primeira tempestade amazônica?
Em um estado onde obras públicas frequentemente custam caro e duram pouco, o episódio da chuva escancara a velha equação brasileira: discurso sustentável, execução descartável.







































