O embaixador André Corrêa do Lago, atual presidente da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30), avalia que há uma disputa geopolítica no debate sobre clima, principalmente entre Estados Unidos e China.
Em entrevista ao programa Brasil no Mundo, Corrêa do Lago destacou a forte presença chinesa na COP e a considerou uma apoiadora da “nova economia” de baixo carbono. “A China está totalmente apoiadora desta agenda de combate à mudança do clima. Então tornou-se quase um embate geopolítico dentro desta negociação de qual direção o mundo deve tomar”, afirmou o embaixador.
Segundo Corrêa do Lago, há uma preocupação nos setores econômicos e políticos dos EUA de que, ao defenderem um retorno a uma “economia antiga” baseada em combustíveis fósseis, o país acabe perdendo a liderança tecnológica para a China nesta nova fase da economia global.
Novo “Negacionismo Econômico”
O presidente da COP30 alertou para o surgimento de um novo tipo de negacionismo: o “negacionismo econômico”. Diferente do negacionismo tradicional, esta nova vertente, exemplificada pelo secretário de Energia dos EUA, Chris Wright, não nega o impacto humano no clima.
Contudo, este grupo argumenta que a mudança do clima é uma consequência do desenvolvimento positivo, e que a solução deve se concentrar mais na adaptação do que na mitigação (redução de emissões).
Corrêa do Lago salientou que a agenda de transição está sendo imposta também pelo aspecto econômico, já que em muitos setores, as tecnologias substitutas dos combustíveis fósseis, como as energias renováveis, estão se tornando financeiramente mais vantajosas.
Fundo Florestas para Sempre (TFFF)
O embaixador também abordou o Fundo Florestas Tropicais para Sempre (TFFF), um novo instrumento de financiamento lançado pelo Brasil. Corrêa do Lago o classificou como “muito inovador” por lidar simultaneamente com a preservação de florestas, a biodiversidade e o apoio às populações locais.
Por estar fora dos mecanismos oficiais da COP, o fundo possui mais condições de receber recursos de países em desenvolvimento, como o Brasil e a China. O modelo tradicional da convenção estabelece que os países desenvolvidos são os responsáveis por fornecer recursos aos países em desenvolvimento. O TFFF abre a porta para que países como a China participem ativamente do financiamento.
O foco principal do TFFF são os fundos soberanos de investimentos geridos por países, que buscam rendimentos fixos. O embaixador espera novos anúncios de investimentos no fundo após o encerramento da COP.









































