É no cerne da floresta brasileira e na imensidão dos seringais da Pan – Amazônia que encontramos um dos mais relevantes marcadores territoriais vivos: a seringueira (Hevea Brasiliensis), uma árvore que chega a atingir até 30 metros de altura e com um tronco que pode variar de 30 a 60 cm de diâmetro.
Face à sua relevância histórica, a seringueira tornou-se a grande propulsora de extração do látex para a produção em larga escala durante o primeiro ciclo da borracha (1879 – 1912) e o advento do seu segundo ciclo (1942 – 1945). O seringueiro possui em seu ser, um brioso respeito pela seringueira. Através dessa histórica árvore ele pode arrancar o sustendo de sua família, mesmo vivendo sob duras penas.
O ex-seringueiro Osvaldo Teotônio, nos fala da importância da seringueira na vida daqueles que viviam na mata:
“Para nós que vivemos a vida inteira dentro da mata, não tinha outra coisa mais importante do que a seringueira. No rio Mamu mesmo, tudo girava em torno da seringueira, pois ela era que nos dava de tudo, praticamente tudo. Até a confiança de quem comprava nossa borracha vinha da seringueira. Quando terminou a estrada de ferro ali no Abunã, meu pai foi direto para o seringal, pois sabia que lá dentro tinha como a família sobreviver. A seringueira é a nossa segunda mãe. Eu mesmo fico doente quando vejo alguém falando que foi fazer derrubada e derrubou uma infinidade de seringueira. Me dói no peito professor. Eu adoeço. Ela ainda está dentro de mim”.
Através dessa histórica árvore o homem da floresta internalizou uma imbricada relação com a natureza, fazendo brotar saberes e fazeres entrelaçados ao seu espaço vivido. A relação de dominação e exploração nos antigos seringais não foi capaz de extinguir a relação de pertencimento e sentimento entre os seringueiros e a seringueira.








































