Os tornados registrados no Paraná e em Santa Catarina na última sexta-feira (8 de novembro de 2025) foram classificados por especialistas como um fenômeno sem precedentes no Brasil. De acordo com órgãos estaduais, seis diferentes tornados se formaram a partir das mesmas condições atmosféricas, atingindo quase que simultaneamente seis cidades, incluindo Rio Bonito do Iguaçu, Turvo e Guarapuava (PR), além de Dionísio Cerqueira, Xanxerê e Faxinal dos Guedes (SC).
O meteorologista Lizandro Jacóbsen, do Sistema de Tecnologia e Monitoramento Ambiental do Paraná (Simepar), explicou que, embora tornados não sejam incomuns no Sul do Brasil, a intensidade e a abrangência do evento foram inéditas.
“Nestes 32 anos de existência do Simepar, este é o mais intenso [tornado já registrado no estado]. E não há registros de que vários eventos desta magnitude e abrangência tenham ocorrido em um mesmo dia, em um curto espaço de tempo”, afirmou Jacóbsen.
Tecnologia e o Registro de Eventos
O especialista reconhece que o aumento da urbanização e o aperfeiçoamento tecnológico têm facilitado a identificação de fenômenos simultâneos. Segundo ele, enquanto no passado muitos tornados em zonas rurais passavam sem registro, hoje, com o adensamento urbano e a tecnologia, a ocorrência é rapidamente identificada, especialmente se houver danos registrados pela Defesa Civil.
O Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) informou que a forte instabilidade atmosférica que gerou os “prováveis tornados” antecedeu uma frente fria e foi potencializada por um ciclone extratropical formado no Rio Grande do Sul. O Inmet adverte, no entanto, que “somente estudos posteriores poderão esclarecer a ocorrência de múltiplos tornados”, já que, por serem fenômenos de pequena escala, os registros significativamente representativos são limitados.
O Tornado F3 em Rio Bonito do Iguaçu
Em Rio Bonito do Iguaçu, o tornado atingiu a categoria F3 na Escala Fujita Aprimorada, ou Escala EF, com ventos estimados entre 300 km/h e 330 km/h. Os danos foram extensos, afetando cerca de 90% da área urbana da cidade.
O desastre resultou em pelo menos seis mortes (cinco em Rio Bonito do Iguaçu e uma em Guarapuava) e deixou 432 feridos na cidade mais atingida.
O fenômeno, que pode durar apenas poucos segundos, se forma a partir de nuvens a até 20 quilômetros da superfície, produzindo uma violenta coluna de ar ascendente. O evento coincide com a realização da COP30 em Belém, reforçando a urgência em conter as mudanças climáticas, que podem aumentar a frequência e a intensidade de eventos extremos.









































