O coordenador Geral de Análise de Conjuntura Nacional da Abin, Pedro de Souza Mesquita, apresentou à Comissão Mista de Controle das Atividades de Inteligência (CCAI) a constatação de que o projeto das Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) resultou em uma “externalidade negativa” que impulsionou a expansão do Comando Vermelho (CV).
Segundo Mesquita, a chegada das UPPs nas favelas cariocas, a partir de 2013, obrigou os líderes do CV a deixarem o Rio de Janeiro. A facção buscou novas fronteiras, especialmente no Norte do país, para se organizar e operar, atingindo seu ápice de expansão no ano passado.
Expansão Geográfica: O CV atua hoje em quase todos os estados do Norte (exceto Roraima e Amapá) e tem “presença relevante” em unidades como São Paulo, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Paraná e Rio Grande do Sul.
Fator Potencializador: A ampliação foi potencializada pelo alinhamento com grupos criminosos locais que enfrentavam a facção rival, o Primeiro Comando da Capital (PCC). O CV ofereceu a esses grupos uma rede descentralizada de acesso logístico a armas e drogas, facilitando sua proliferação.
O Alcance Transnacional do PCC
Mesquita destacou que, enquanto o CV se nacionalizou, o PCC se tornou um ator transnacional, sendo o grupo que mais afeta a estabilidade brasileira perante a comunidade internacional.
Avanço Internacional: O avanço do PCC para outros países ocorre desde 2016.
Números: Em 2018, a facção estava presente em 11 países, com cerca de mil membros. Atualmente, o PCC tem presença em 28 países, com mais de 2 mil membros, um processo que se intensificou nos últimos 15 anos.
Posição do Governo do RJ
O Governo do Rio de Janeiro admitiu que o projeto das UPPs se concentrou na ocupação territorial, sem o devido acompanhamento de políticas públicas integradas, o que comprometeu sua sustentabilidade.
A Secretaria Estadual de Segurança Pública confirmou que a pressão sobre os territórios controlados pelo tráfico levou criminosos a se deslocarem para outros municípios e estados, contribuindo para a expansão do CV. Contudo, a Secretaria ressaltou que a nacionalização do CV “não pode ser atribuída exclusivamente” às UPPs e defendeu a união entre os governos federal, estadual e municipal no combate ao narcotráfico.









































