Uma pesquisa inédita intitulada Juventudes: Um Desafio Pendente, da Fundação Friedrich Ebert Stiftung no Brasil (FES Brasil), revela que as mulheres jovens brasileiras são mais progressistas em suas percepções políticas e sociais do que os homens, que tenderam a posições mais conservadoras. O levantamento entrevistou 2.024 jovens de 15 a 35 anos.
Posicionamento Político e Gênero
A divergência de gênero é notável no posicionamento político e na priorização de problemas:
Posição Política Mulheres Homens
Direita Não especificado Não especificado
Centro Não especificado Não especificado
Esquerda 20% 16%
As mulheres se posicionaram 4 pontos percentuais a mais à esquerda do que os homens.
Embora 38% dos entrevistados se posicionem à direita, 44% no centro e 18% à esquerda, o diretor de Projetos da FES Brasil, Willian Habermann, ressalta que muitos jovens que se identificam com a direita não defendem um “manual de extrema direita”, mas reconhecem o papel crucial do Estado em políticas de bem-estar social.
Problemas Sociopolíticos: As mulheres tendem a dar mais força a problemas como pobreza, acesso a direitos e emprego do que os homens.
Valores, Direitos e Desigualdade Racial
O estudo aponta que, apesar do autodeclínio de centro-direita, prevalecem posições progressistas em questões de igualdade:
Orientação Sexual e Gênero: 66% apoiam a liberdade de orientação sexual e identidade de gênero. 58% aceitam o casamento entre pessoas do mesmo sexo. 59% concordam que pessoas transgênero devem ter acesso a cuidados de saúde relacionados à afirmação de gênero.
Aborto: Somente 33% dos jovens apoiam a legalização, enquanto 51% se declaram contrários.
A pesquisa também destaca a profunda desigualdade racial, especialmente no mercado de trabalho e na confiança nas instituições:
Estabilidade no Trabalho: Apenas 29% dos jovens pretos e 32% dos pardos têm trabalho estável, contra 45% dos brancos.
Desemprego: 45% dos entrevistados das classes mais baixas estavam desempregados ou em busca de oportunidades.
Crise de Confiança: Jovens negros expressam maior desconfiança na polícia e no sistema judiciário.
Demanda por Políticas Públicas e Redes Sociais
A juventude converge na demanda por políticas sociais e no reconhecimento do papel do Estado:
86% defendem a prioridade de oferta de educação e saúde pelo Estado.
60% acreditam que deve haver um imposto adicional para os ricos, a fim de redistribuir a riqueza.
61% citam pobreza, desemprego e falta de acesso a direitos como os problemas que mais preocupam o Brasil.
As redes sociais são a principal fonte de informação, sendo o canal preferido para a busca diária por 60% dos jovens e o canal predominante para 57%. Apenas 2% usam meios tradicionais como jornais impressos.
Apesar da insatisfação com a economia (46%) e a situação do país (55%), 88% dos jovens consultados demonstraram ter expectativas otimistas quanto ao seu futuro nos próximos cinco anos.








































